O Mercado Bitcoin lançou, ontem (25), o primeiro de oito ativos digitais alternativos, em formato de token, que pretende distribuir neste ano. Os R$ 816 mil em tokens de cotas de consórcio serão são vendidos ao preço unitário de R$ 100. O retorno esperado é de cerca de 190% a 209% do CDI, algo como de 8,11% a 8,9% ao ano, com o investidor recebendo o valor num prazo de 5 a 6 meses.
A empresa esperar lançar R$ 500 milhões em ativos digitais alternativos em 2020. Outros lançamentos que pretende fazer incluem um token relacionado a fluxo de pagamentos, semelhante a uma operação de recebíveis, e um token de direitos que clubes de futebol têm de receber sobre a venda de jogadores que formou, o chamado mecanismo de solidariedade. O Mercado Bitcoin já está conversando com 4 clubes da Série A para isso, disse ao Blocknews Reinaldo Rabelo, CEO da empresa.
No caso desse token, o clube antecipa potenciais valores de vendas futuras ao longo da carreira do jogador. Como não se sabe quantas serão, o investidor tem de planejar um número ao investir. Se houver mais vendas do que imaginava, sai ganhando. Do contrário, pode ficar no empate ou perder.
Entendendo o mercado
O preço do token representa 0,012% de uma cota. O valor total de recebimento do crédito da cota é calculado em cerca de R$ 845 mil, portanto, o investidor pode receber cerca R$ 103,61.
Essas cotas são de quem desistiu do negócio, inclusive porque não consegue mais pagar. A taxa de desistência no Brasil é de em torno 50%, segundo o Mercado Bitcoin. O prazo de retorno está relacionado ao fato de que as cotas são compradas, quitadas e o que é tokenizado é a carta de crédito, que deve ser paga em até 180 dias, segundo norma do Banco Central.
“Estamos lançando o primeiro lote para entender a percepção do mercado, fazer a leitura dos clientes, e depois vamos lançar volumes maiores”, disse Rabelo.
Tokens imobiliários e de energia
A empresa também avalia lançamento de tokens relacionados ao mercado imobiliário, “sem oferender nenhuma norma da CVM (Comissão de Valores Mobiliários)”, disse Rabelo. E olha ainda para oportunidades no mercado de energia e de ativos bancários, como contratos “estressados”.
O Mercado Bitcoin está distribuindo o que considera investimentos alternativos com algum risco, variável conforme o tipo de token, mas com possíveis retornos maiores do que os investimentos tradicionais. E são ativos que apenas grandes investidores costumam ter acesso. Nos consórcios, o risco é o da Caixa Consórcios, que é da Caixa Econômica Federal (CEF) e quem paga a cota contemplada, quebrar. Portanto, bem baixo.
Acontece que ao tokenizar, a empresa muda também lógica das negociações tradicionais, completa Rabelo, e isso pode ser mais interessante para quem vende e quem compra o ativo.
Tanto em precatórios como em consórcios, há mais dinheiro de investidor disponível do que ativos no mercado tradicional, afirma. Porém, o grupo de investidores é limitado e com muito dinheiro em caixa. A partir dos fundos levantados se vai atrás dos ativos. O resultado é que o dono do ativo o vende por um deságio alto e quem compra, como FDICs, ficam com tudo encarteirado e não distribuem.
Nova lógica de mercado
Na lógica do Mercado Bitcoin, a Concash vai atrás de ativos de quem quer vender, esse ativo é tokenizado e distribuído a investidores pequenos. Segundo Rabelo, se consegue reduzir em cerca de 50% o deságio de venda pelo dono do ativo. Esse deságio é de 40% a 80% no caso de consórcio.
“Como temos propósito de democratizar o mercado, estamos provocando a distribuição. Então, o volume disponível para comprar não é o problema”, afirma Rabelo. “Vamos ver se com o novo mercado que estamos abrindo haverá mais opções e redução de spread no mercado tradicional”.
Coronavirus
Há uma expectativa de empresas de consórcio de que pode haver um aumento de inadimplência ou desistência de detentores de cotas devido ao impacto econômico da pandemia do coronavírus. “Mas não é nossa função buscar spreads mais altos. Pode até haver aumento, mas não seria saudável para o ecossistema. Não é onde esperamos ganhar”, disse o executivo.
O Mercado Bitcoin distribui as cotas que o Mercado Bitcoin Digital Asset (MBDA) tokeniza. A plataforma usada é Ethereum O token pode ficar custodiado numa carteira digital de quem compra e ser pago na moeda criptografada Ether.
Rabelo diz que o Mercado Bitcoin sabia que o mercado alternativos era promissor e tem investido nele. “Foi interessante encontrar originadores de ativos que se beneficiaram também disso”. Do lado difícil está trazer inovação para um mercado conservador de investimento, completou.
O Mercado Bitcoin é pioneiro no lançamento de ativos digitais alternativos. Em precatórios, lançados no ano passado, já foram vendidos cerca de R$ 25 milhões de tokens.
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