Apenas dois dias depois de o fundador e CEO da Binance, Changpeng Zhao, publicar um artigo em que descreve o que a empresa tem feito para se adequar aos ambientes regulatórios e compliance, a empresa anunciou que deixou de vender tokens de ações. Assim, a decisão acontece em meio a uma pressão dos reguladores sobre os negócios da bolsa.
As vendas de frações de ações de empresas como Tesla e Coinbase, listadas em bolsas dos Estados Unidos (EUA), começaram em abril passado. Quem comprou, pode vender ou ficar com os tokens até 14 de outubro. Depois, não poderão mais vendê-los.
Mas, é para o portal da parceira da Binance, a firma de investimentos alemã CM-Equity AG, que os tokens podem ser transferidos. A CM-Equity AG, por sua vez, era quem tinha as ações que lastreavam os tokens, segundo a bolsa. De acordo com a empresa, em até quatro semanas vai lançar um marketplace de tokens de ações para cidadãos do Espaço Econômico Europeu (EEE) e da Suíça.
Reguladores de diversos países estão barrando ou ameaçando barrar suas operações por conta de derivativos. Os últimos casos foram Hong Kong e Lituânia. Enquanto o regulador do primeiro disse que o grupo Binance não tem registro para operar nenhuma atividade regulada no país, o segundo disse que a empresa não pode oferecer serviços de investimentos sem licença.
Binance recebeu cartão amarelo do Brasil à Ásia
No Brasil, em julho de 2020, a CVM determinou que a empresa parasse de oferecer a clientes do país derivativos de criptomoedas por não ter autorização local para isso. E na última quarta-feira (14), Ricardo Da Ros, diretor da empresa para o Brasil, anunciou que deixou a Binance após seis meses no cargo. “Houve um desalinhamento de expectativas sobre meu papel e tomei a decisão de acordo com meus valores pessoais.”
Mais recentemente, antes de Hong Kong e Lituânia, os Estados Unidos (EUA) anunciaram que estão investigando a Binance. Em abril, o regulador alemão BaFin, por exemplo, afirmou que poderia multar a empresa por oferecer os tokens de ações sem publicar o prospecto para os investidores.
Já o regulador britânico, a Financial Conduct Authority (FCA), informou em junho passado que a Binance não poderia fazer, no país, atividades reguladas. Já na Itália, o grupo tinha até um site em italiano oferecendo os tokens. Portanto, ontem, o regulador italiano disse que a bolsa não tinha autorização para oferecer serviços de investimentos no país.
O Japão também já tomou iniciativas semelhantes. Desde sua fundação, a Binance vai mudando de endereço, embora diga que não tenha um, conforme aumenta o escrutínio dos reguladores.
“Acreditamos que a mudança de nosso foco comercial para outras ofertas de produtos servirão melhor nossos clientes. E estamos comprometidos em fazer essa transição tão simples quanto possível para os que foram afetados”, disse o porta-voz da Binance.