A discussão econômica sobre a certificação de produtos agrícolas é ampla e complexa nos dias atuais. E o debate sobre qual é o nível adequado da intervenção mercadológica, setorial, sustentável e governamental na certificação digital registrada distribuída é muito procedente.
De uma tendência, blockchain passou a ser uma exigência de nichos de mercado e de indústrias. A tecnologia tem demonstrado que o registro da certificação digital passa a ser cada vez mais essencial.
Porém, é obrigatória e mais eficiente para mercados com assimetria de informação, assim como os menos eficientes em questões ambientais ou outras externalidades associadas à produção ou consumo.
Portanto, quais são as peças fundamentais que precisam ser trabalhadas no processo de certificação digital de alimentos globais, tendo a rastreabilidade como a garantia de origem de produtos agrícolas? Qual a estrutura ideal de decisão dos setores privado e público no que diz respeito à certificação da produção brasileira de alimentos?
Há alguns anos, do ponto de vista do papel do setor público, a questão central era se a política de certificação e rastreabilidade deveria ser mandatória ou de adesão voluntária.
Passou a ser obrigatória, porque o mundo deseja saber a procedência dos produto, como foi produzido, que insumos usaram e demais informações, em detalhes.
Mas, experiências internacionais parecem sugerir que há espaço para ambas estratégias, cabendo estudar cada caso específico. Para organizar o raciocínio ao redor dessa questão-chave, uso a estrutura analítica proposta pela economista Kathleen Segerson.
Temos como exemplo os setores da carne vermelha, fertilizantes, sementes, grãos, frutas, vegetais, produtos alimentícios derivados, subprodutos de óleos e derivados de grãos que permite uma excelente avaliação empírica das considerações teóricas apresentadas.
Existem, nessas cadeias, exemplos de adesão voluntária a processos de certificação. Assim como há a importância do setor público nas políticas de controle sanitário e de rastreabilidade do produto exportado, sendo estas, de caráter mandatório.
Além desses setores, foram estudados também dois modelos de certificação no âmbito governamental: o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina (Sisbov), a Produção Integrada de Frutas (PIF) e a cadeia produtiva de grãos e commodities agrícolas em geral.
Concluiu-se de fato que projetos de blockchain nas cadeias do agronegócio promovem ganhos reais de valor agregado de preços efetivos na ponta para o consumidor, onde o mesmo consume e paga por produtos de melhor qualidade, procedência e com certificação digital.
Isso traz, de forma distribuída, benefícios tangíveis, largando na frente de setores que estão transformando, com inovação e tecnologia blockchain, a segurança, o compliance, a transparência e o crescimento mútuo entre os participantes.
Estudamos que o mercado procura por produtos de nicho, transformando-os em “especiais” e melhores, com extremo diferencial competitivo de mercado, ou seja, tendo ROI com resultados expressivos e margens.
Casos de sucesso com blockchain promovem diversidade, disrupção e novas formas de negócios às empresas que largam na frente em seus setores. Como é o caso do agronegócios, que se posiciona como produtos gourmet, sendo especiais e essenciais para o consumidor.
Eduardo Figueiredo é CEO & Fundador – SBR PRIME Inspection, Eng. Mecânico USP-Poli, Eng. Agronomo Esalq-USP, Mestrado em Agricultura de Precisão em Máquinas e Equipamentos – ESALQ USP, Doutorado em Economia Aplicada na Performance de Resultados na integração da cadeia Produtiva de Grãos – CEPEA ESALQ USP