A União Europeia vai divulgar nas próximas semanas os resultados de seus estudos sobre uma moeda digital de banco central (CBDC) do bloco e na sequência lançará uma consulta pública sobre o assunto. A informação foi dada ontem (10) pela presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
“Como muitos outros bancos centrais no mundo, estamos estudando os benefícios, riscos e desafios operacionais” de ter uma CBDC, disse ela.
O Brasil anunciou recentemente que criou um grupo de trabalho para estudar o tema. As conclusões poderão ser divulgadas em seis meses.
Na corrida para evitar que a China tenha mais ainda domínio econômico se lançar sua CBDC e que as criptomoedas substituam cada vez mais transações comerciais a ponto de prejudicar os sistemas financeiros tradicionais, os países correm para entenderem e tomarem decisões sobre o assunto.
“BCs devem antecipar mudanças“
“Em paralelo ao setor privado, os bancos centrais devem antecipar as mudanças. Devem não apenas olhar de perto os benefícios que as inovações digitais podem trazer, mas também examinar os riscos significativos que elas geram e estar preparados para inovarem. Este é o ponto de partida para a discussão se o Eurosistema precisa lançar o euro digital”, afirmou Christtine em evento do banco central alemão.
Segundo ela, lançar o euro digital colocaria o sistema financeiro europeu numa tecnologia de ponta. Ela lembrou que uma CBDC pode ser apenas para uso no “atacado” ou para usos mais amplos, incluindo o varejo. No atacado, isso já existe porque é assim que os bancos acessam os recursos do banco central.
Mas a tecnologia que está por trás da moeda digital pode dar mais eficiência às operações e abre espaço a moeda digital de varejo, o que seria muito inovador porque ampliaria o acesso a ela por mais pessoas, completou a presidente do BCE.
De acordo com Lagarde, para se ter um euro digital para o varejo seria necessário ter acesso ao dinheiro do banco central, com a moeda digital sendo um complemento do papel moeda, uma alternativa, garantindo que a moeda fiat (emitida pelo governo) seja o centro do sistema de pagamentos.
É preciso também garantir que os depósitos nos bancos não passem de forma significativa para o euro digital, o que mudaria o papel de financiadores que os bancos têm no sistema, podendo trazer instabilidade. E a moeda digital deve ser feita de modo a atender às demandas de uso do público, sem desencorajar ou super encorajar a utilização, para manter o ambiente financeiro competitivo e inovador.