A privacidade é o maior desafio do projeto do Drex neste momento e algumas soluções que estão em teste também geram questionamentos, disse Larissa Moreira, coordenadora de Cripto e CBDC (sigla em inglês para Moeda Digital de Banco Central) do Itaú Unibanco. Esses questionamentos têm relação, por exemplo, com a adaptação das “características, regulações e requisitos oriundos de um ambiente regulado, estável e resiliente, como é o mercado financeiro hoje, para serem incorporadas a uma tecnologia que é completamente antagônica em sua essência, descentralizada, com todo mundo tendo acesso a tudo.”
Larissa foi uma das participantes do 1o. Fórum de Inovação – Drex organizado pela empresa de tecnologia TQI. Para ela, há possibilidades promissoras para solucionar esse desafio, mas ainda é uma incógnita se entregarão escalabilidade, que é um dos pontos sensíveis de redes blockchain.
“Eu tenho uma visão de que existem duas grandes rodovias lado a lado: uma no âmbito regulado, CBDC, de bancos centrais, mas temos também uma via da economia tokenizada”. Larissa lembrou que há um marco legal de sobre provedores de serviços e produtos ligados a criptoativos e que o BC trabalha na regulamentação da lei. “Não tem possibilidade de retrocesso: o desafio é conectar os dois mundos e absorver os benefícios da tecnologia.”
Para Carlos Augusto de Oliveira, diretor executivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), é preciso garantir que uma transação na plataforma Drex não fique visível a quem não participou dela, ” garantindo que não haja prejuízos na performance e provoque uma degradação da solução. Não temos ainda um sistema de blockchain capaz de rodar como o Pix, por exemplo, que tem tempo de resposta pequeno, pouco consumo de energia e latência baixa”, completou.
Inclusão financeira
Dorival Dourado Jr., conselheiro da TQI, levantou uma questão sobre o papel do Banco Central na inclusão financeira por meio do Drex. “O DREX precisa envolver necessariamente a simplificação dos processos, redução do custo de transação e na inclusão social. Precisamos trabalhar para que essas inovações levem realmente o benefício direto para a sociedade, não resolva simplesmente o problema do regulador, então entendo que temos que construir essa agenda junto às entidades envolvidas no processo”.
“A forma como os bancos e as fintechs reagirem à criação do Drex, que eu espero que seja uma reação altruísta e positiva para beneficiar a sociedade, é o que terá poder de fazer com que o nível de intrusão financeira de um BC forte seja menor”, comentou João Bezerra Leite, também conselheiro da TQI, que já atuou no setor financeiro e é líder de investimentos em fintechs da Bossa Invest (ex-Bossanova Investimentos). “
Fernando Zei, CEO da TQI, disse que a ideia do evento foi promover uma conversa sobre os desdobramentos, potencialidades e consequências do lançamento da moeda digital brasileira. Fundada em 1992, a TQI é uma empresa de tecnologia e inovação que atua em setores como financeiro, telecom, logística e transporte e saúde.