De olho na integridade e estabilidade do sistema financeiro, bem como na evolução potencial que veio a reboque da tecnologia blockchain, a autoridade monetária de Singapura (Monetary Authority of Singapure, MAS, na sigla em inglês) lançou o projeto-piloto “Project Guardian”, em parceria com players do sistema financeiro, para explorar cases de finanças descentralizadas (DeFi) e tokenização de ativos.
Anunciado hoje pelo vice-primeiro ministro e coordenador de política Econômica de Singapura, Heng Swee Keat, o Project Guardian tem como parceiros o DBS Bank, JP Morgan e Marketnode, um operador de infraestrutura de mercados digitais. A iniciativa envolve a criação de um pool de liquidez autorizado que inclui títulos e depósitos tokenizados. O piloto visa realizar empréstimos seguros em uma rede pública baseada em blockchain por meio da execução de contratos inteligentes.
A ideia do MAS, através do Project Guardian, é desenvolver e testar casos de uso em quatro áreas principais:
Redes abertas e interoperáveis – Explorar o uso de blockchains públicos para construir redes abertas e interoperáveis que permitam que ativos digitais sejam negociados em plataformas e pools de liquidez. Isso inclui a interoperabilidade com a infraestrutura financeira existente.
Âncoras de confiança – Estabelecer um ambiente confiável para a execução de protocolos DeFi por meio de uma camada de confiança comum de âncoras de confiança independentes. As âncoras de confiança são instituições financeiras regulamentadas que examinam, verificam e emitem credenciais verificáveis para entidades que desejam participar de protocolos DeFi. Isso garante que os participantes negociem apenas com contrapartes, emissores e desenvolvedores de protocolos verificados.
Tokenização de ativos – Examinar a representação de valores mobiliários na forma de ativos digitais ao portador e o uso de depósitos tokenizados emitidos por instituições depositárias em blockchains públicos. O projeto pretende se basear nos padrões de token existentes, incorporar credenciais de âncora de confiança e permitir que tokens lastreados em ativos sejam interoperáveis com outros ativos digitais usados em protocolos DeFi nas redes abertas.
Protocolos DeFi de nível institucional – Estudar a introdução de salvaguardas e controles regulatórios nos protocolos DeFi para mitigação contra manipulação de mercado e risco operacional. O projeto também examinará o uso de recursos de auditoria de contrato inteligente para detectar vulnerabilidades de código.
Oportunidades e Riscos Potenciais
Com um olho nas oportunidades e outro nos riscos que chegam junto com novas tecnologias, o diretor para fintechs da Autoridade Monetária de Singapura, Sopnendu Mohanty, explica que os aprendizados do Project Guardia servirão para informar os formadores de políticas sobre as proteções regulatórias necessárias para o aproveitamento do DeFi.
“A MAS está monitorando de perto as inovações e o crescimento no ecossistema de ativos digitais e trabalhando nas oportunidades e riscos potenciais que acompanham as novas tecnologias – para consumidores, investidores e o sistema financeiro em geral. Por meio de experimentação prática com o setor financeiro e o ecossistema mais amplo, buscamos aprimorar nosso entendimento nesse ecossistema de ativos digitais em rápida transformação”, observa Mohanty.
Para o chefe de Planejamento e Estratégia do Grupo DBS, Han Kwee Juan, a parceria com a MAS na exploração de potenciais ativos digitais e o uso de conceitos DeFi é fundamental para garantir a relevância de Singapura como centro financeiro de ponta. “Desenvolvido em blockchain público, este piloto também é fundamental, pois promove os esforços para inovar, avançar e dimensionar aplicativos financeiros institucionais em blockchain e sua interoperabilidade em diferentes redes blockchain com os trilhos estabelecidos dos mercados financeiros existentes. Acreditamos que essas explorações iniciais em soluções DeFi garantirão a competitividade e a relevância de Cingapura como um centro financeiro de ponta”, disse Juan.
O CEO da Marketnode, Martin Pickrodt, também celebra a iniciativa. “Por meio do Project Guardian, pretendemos abordar questões reais do mercado, como locais de liquidez fragmentados, altos custos de intermediação e ineficiências de transação, e estamos ansiosos pela jornada à frente.”