A Nigéria lançou hoje (25) o projeto piloto da eNaira, sua moeda digital de banco central (CBDC). Já houve a emissão de cerca de 500 milhões de eNaira (R$ 6,65 milhões). E os aplicativos das duas carteiras para uso da moeda já estão disponíveis. Isso é uma tentativa de limitar o uso de criptomoedas no sexto país do mundo que mais aderiu às moedas digitais, segundo a Chainalysis.
O próprio presidente President Muhammadu Buhari fez o lançamento, tornando a Nigéria o segundo maior país em população a fazer um teste de CBDC. Aliás, a população de 211 milhões de pessoas é semelhante à do Brasil, de 213 milhões. Portanto, esse é um dos fatores que a torna um caso interessante para se observar.
Os aplicativos das carteiras “speed” e “merchant” já estão disponíveis nas lojas do Google e da Apple. Na primeira fase, a eNaira estará disponível para quem tem conta em banco, com acesso por meio de uma identidade bancária. Depois disso, o piloto vai incluir os desbancarizados por meio da identidade do governo e desses, já há 60 milhões de interessados.
Haverá limite de valor para uso da eNaira. O uso pode ser de pagamentos de até 50 mil Nairas (R$ 665,5) por dia a até 200 mil Nairas (R$ 2.6 mil) por dia. O Banco Central disse que a eNaira vai complementar o dinheiro físico.
Moeda digital da Nigéria está em Hyperledger Fabric
A moeda digital da Nigéria está numa plataforma centralizada feita em Hyperledger Fabric sob controle do banco central. Os bancos e as empresas de pagamentos processam as transações de varejo e de outros serviços. O país está criando 500 mil agentes para comunidades rurais que deverão trabalhar em ações de inclusão. Dessa forma, no futuro vão trabalhar também com a eNaira.
Os nigerianos usam muito criptomoedas para se protegerem da inflação. Isso é o mesmo motivo porque o preço do bitcoin subiu tanto semana passada, segundo JPMorgan e pelo qual investidores estão comprando criptos. Além disso, os nigerianos veem facilidade em usar criptos em remessas internacionais de dinheiro que são P2P, ou seja, sem bancos como intermediários.
Em fevereiro passado, o banco central nigeriano anunciou que todas as instituições financeiras deveriam parar de operar com criptomoedas. Além disso, deveriam fechar as contas que operavam criptos. Acontece que isso só servia mesmo para essas instituições, ou seja, operações por outros canais continuaram permitidos e com isso, o uso de criptos também.