O euro digital deverá expandir as soluções de pagamentos na União Europeia (UE). Portanto, não deve competir com os serviços privados de pagamentos. Foi o que disse hoje (5) Fabio Pannetta, membro do conselho executivo do Banco Central da União Europeia (ECB).
“Alguns dizem que soluções privadas de dinheiro como moedas estáveis (stablecoins), se bem reguladas, podem substituir as moedas digitais de banco central. Mas, a confiança nelas depende também de serem conversíveis com o dinheiro do banco central”, afirmou.
Além disso, se usarem stablecoins, precisarão cuidar do dinheiro delas em questões como segurança cibernética, disse. Assim como confiar em quem emitiu essas moedas digitais.
De acordo com Pannetta, o dinheiro em papel cairá em desuso como aconteceu com o selo para cartas. A digitalização e o dinheiro privado estão, arrastando a UE para os estudos do euro digital, a moeda digital do BCE. Na verdade, é um movimento global no qual o Brasil também está. Em 2022, o BCB começará os testes com o real digital. E também quer que a moeda vá além de soluções atuais como Pix.
Euro digital poderá gerar novos serviços financeiros, diz BCE
Para provar sua fala, Pannetta apresentou, num evento em Madri, a queda de transações em dinheiro por consumidores em países da zona do euro. Essa é área onde o euro é a moeda corrente. Em todos houve queda. Além disso, se pudessem, metade dos europeus fariam pagamentos em usar dinheiro, completou.
Portanto, trocando em miúdos, se a moeda atual do BCE não tiver demanda pelo público, torná-la disponível não seria o suficiente para preservar seu papel na economia, completou.
Segundo Pannetta, as empresas privadas de pagamentos poderão distribuir o euro digital. Assim como desenvolver novos serviços com a moeda. Isso inclui, por exemplo, crédito, pagamentos automatizados ou condicionados a determinadas situações. É o dinheiro programável.
O BC brasileiro trabalha num real digital com características semelhantes. Ir além do que existe hoje significa até permitir finança descentralizadas (DeFi). Essas hoje não passam por instituições financeiras tradicionais, sendo feitas entre duas partes diretamente (peer-to-peer).