UE pode limitar uso de euro digital, inclusive em mercados emergentes

BCE vai continuar a estudar euro digital e blockchain. Foto: S. Hermann & F. Richter, Pixabay.

O Banco Central Europeu (BCE) poderá limitar o uso do euro digital para evitar riscos ao sistema financeiro. Uma das medidas seria, por exemplo, impedir que os cidadãos tenham mais de 3 mil euros digitais. O objetivo é fazer a moeda digital ser apenas para pagamentos e não investimentos, inclusive em países emergentes.

A limitação de valores evitaria a saída de depósitos dos bancos para o euro digital, disse Fabio Panetta, membro do conselho executivo do BCE. A data mais próxima possível para o bloco ter o euro digital é 2026, já que a UE trabalha com horizonte de cinco anos, completou. “Isso não é uma corrida”.

Panetta disse que a moeda digital é segura. Mas, sem limites para o uso como reserva de valor, pode atrair grandes investimentos até de contas correntes. Seria um cenário ruim, em especial em momentos de crise, de acordo com ele.

Além de limitar o valor em depósito, outra possibilidade é colocar uma taxa sobre os valores de euros digitais acima de um certo valor, afirmou em entrevista ao veículo Nikkei Asia.

Assim, o euro digital seria uma forma eficiente de pagar digitalmente em moeda soberana. Ao invés de ser uma forma de investimentos. “Isso evitaria uma instabilidade no setor financeiro e preservaria a intermediação financeira”, completou.

Segundo Panetta, o euro digital para residentes em países fora da zona do euro garantiria transações de pagamentos seguras. “Mas, em economias emergentes vulneráveis, o euro digital também poderia ser muito atraente para investimentos”, afirmou.

Euro digital deve ser para pagamentos

Portanto, se o desenho da moeda não for apropriado, pode levar à saída de capital e substituição por outra moeda. E então, à instabilidade do sistema financeiro.

“As condições para o acesso e uso de residentes de fora da zona do euro poderá acontecer para prevenir um fluxo volátil e excessivo de capital ou flutuações da taxa de câmbio.

O executivo afirmou ainda ser necessária cooperação internacional para definir o formato, o uso transfronteiriço e a interoperabilidade. Isso porque são fatores que podem ser chave para se ter os benefícios potenciais das moedas digitais de banco central (CBDCs). E, ao mesmo tempo, lidar com os riscos.

Os bancos centrais da UE, Japão, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Suíça, Suécia e China já estão em conversas sobre as CBDCs, disse ele. Porém, ter uma moeda digital requer tempo, afirmou. A China começou em 2013. A Suécia em 2017 e disse que pode lançar também em 2026.

O Brasil vai continuar os estudos sobre o real digital e deve abrir a discussão para o público. De acordo com o Banco Central, a data de lançamento vai estar mais clara após esses debates. A moeda será para varejo e poderá até mesmo ter um câmbio diferente da moeda convencional.

Compartilhe agora

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress