O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse hoje (10) que tem preocupações econômicas e legais com a decisão de El Salvador de tornar bitcoin uma moeda legal no país, de acordo com a agência Reuters.
Assim, parece mais complexa a negociação do país para um empréstimo de US$ 1,3 bilhão. O acordo é necessário para reequilibrar as contas de El Salvador. Mas com a adoção intempestiva de bitcoin, sem maiores explicações e transparência, receios surgiram de diversos lados.
“A adoção de bitcoin como moeda legal levanta uma série de questões macroeconômicas, financeiras e legal que requerem análises muito cuidadosas”, disse Gerry Rice, porta-voz do FMI. “Estamos acompanhando os desenvolvimentos de perto e continuaremos as consultas com as autoridades”, completou.
FMI e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, se encontrariam no final desta quinta-feira (noite no Brasil). O tema é a lei do bitcoin e o acordo com o Fundo.
Bitcoin em El Salvador criam barulho para acordo
Os investidores também receberam mal a proposta de Bukele de fazer bitcoin tão oficial quanto o dólar dos Estados Unidos (EUA), a moeda do país. A questão não é só a adoção de bitcoin, mas receio de que não saia o acordo com o FMI.
“Vemos as manchetes sobre El Salvador como um barulho que podem complicar as discussões com o FMI”, disse Donato Guarino, estrategista de mercados emergentes do Citi. O banco reduziu ainda mais sua já pouca exposição ao país.
Para Patrick Esteruelas, líder de pesquisa da Emso Asset Management de Nova York, Bukele precisa usar seu capital político para controlar o grande déficit fiscal do país. É isso o que atrairá os investidores. No entanto, Bukele disse que El Salvador vai atrair investidores ao adotar bitcoin.
No sábado (5), Bukele avisou por Twitter que enviar proposta de lei ao Congresso para tornar bitcoin moeda legal. Já na terça-feira o Congresso, de maioria governista, aprovou a lei por 82 votos a favor – houve 64 contra. Assim, El Salvador se tornou o primeiro país a adotar bitcoin.