A Visa reforçou hoje (2) que está investindo para valer em blockchain e criptomoedas. A empresa anunciou que sua rede global de 60 milhões de negócios será conectada à criptomoeda plataforma da moeda digital U.S. Dollar Coin (USDC), na rede Ethereum. Isso significa que eles poderão aceitar e fazer pagamentos nessa moeda estável (stablecoin), que é atrelada ao dólar e foi criada pela Circle Internet Financial.
Esse anúncio ajuda a elevar para um novo patamar o uso de criptomoedas no comércio, já que a Visa é uma das maiores empresas de pagamentos do mundo, operando em 200 países e realizadando US$ 11,2 trilhões de pagamentos por ano.
“Estamos seguindo o crescimento das stablecoins nos últimos dois anos e estou muito animado com a Visa fazer uma parceria com a Circle para ajudar a conectar a USDC à nossa rede global”, disse o responsável por criptoativos na Visa, Cuy Sheffield em post no seu perfil no Twitter.
Com isso, a Visa coloca ainda mais os pés no mundo das criptomoedas e acelera o negócio da Circle, empresa que faz parte de seu programa Fast Track. Esse programa dá apoio a fintechs e inclui acesso à rede da empresa. Sua participação no programa deve ir até 2021.
A partir daí, a Visa vai emitir cartões de crédito que permitam aos negócios fazer ou receber pagamentos em USDC diretamente com o cartão. “Será o primeiro cartão corporativo que vai permitir aos negócios gastar em USDC”, disse Sheffield à Forbes, que publicou o anúncio em primeira mão.
A USDC tem uma capitalização de mercado de US$ 2,96 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões). Esse valor é calculado multiplicando-se a cotação da moeda pela sua quantidade disponível no mercado. Bitcoin, a maior criptomoeda, tem um mercado de US$ 350 bilhões, porém, não é atrelada a nenhum ativo, portanto, não é considerada stablecoin.
Segundo a Forbes, a Visa não fará a custódia da moeda. Já a Circle vai ajudar a empresa a escolher quem serão os emissores de cartões de crédito da bandeira Visa que começarão a usar o software da USDC em suas plataformas e poder operar pagamentos com a criptomoeda.
A outra parte do projeto é que as empresas possam enviar pagamentos internacionais em USDC para outras empresas que usem Visa. Assim, poderão usar os recursos em qualquer comércio que também esteja conectado à gigante de pagamentos, depois que a USDC for convertido na moeda local. Esse projeto, mais tarde, avançará para o cartão corporativo.
Dentre os anúncios relacionados a blockchain e criptomoedas feitos pela Visa até hoje, um deles foi o investimento de US$ 40 milhões na Anchorage, que foca em armazenamento de ativos digitais para investidores institucionais. O investimento aconteceu em 2019.
A Visa acredita que o serviço da Anchorage será útil para os bancos centrais, se e quando emitirem suas moedas digitais, as CBDCs. A Visa também tem conversado com os bancos centrais sobre essas moedas.
Neste ano, a empresa também pediu a patente, nos Estados Unidos, para uma moeda fiat digital, ou seja, a digitalização de moedas de bancos centrais. Isso seria feito num computador central, que replicaria os dados de notas e moedas na moeda digital, mas com registro em blockchain.
Além disso, a empresa já tem em curso um sistema de transferências internacionais enter empresas que usa blockchain, o B2B Visa. O foco são as transações de mais de US$ 15,000 (cerca de R$ 90 mil), que representam perto de 10% de um mercado total de U$125 trilhões (R$ 750 trilhões).
“Redes blockchain e moedas estáveis são apenas redes adicionais. Por isso, achamos que têm um valor significativo para a Visa fornecer isso isso aos nossos clientes”, afirmou Sheffield.
Já há 25 provedores de carteiras de criptomoedas no programa Fast Track e todos podem agora fazer testes com a integração com a USDC.
A empresa estima que sejam feitos U$120 trilhões de pagamentos em cheques e de forma instantânea no mundo a um custo de até US$ 50. Usando a USDC, a transação dura 20 segundos e pode sair quase de graça, disse Sheffield.