Apesar de ser citado como exemplo de sucesso mundial, o Open Finance brasileiro ainda tem muito o que evoluir. “A taxa de renovação de consentimentos é de apenas 4%. Isso para nós é um termômetro claro de que o cliente não vê valor”, disse Edilson Reis, CIO e diretor-executivo do Bradesco, durante o painel “A tecnologia no centro dos negócios”, que reuniu diretores de tecnologia dos bancos no segundo dia do 33o. Febraban Tech.
Os consentimentos atingiram 31 milhões em maio. De acordo com a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023, que a federação divulgou nesta quarta-feira (28). Há 469 milhões de contas ativas no país. “Muita gente nem sabe que precisa renovar o consentimento”, disse Luis Bittencourt, CIO do Santander Brasil e CEO da F1RST Digital Services.
O Banco Central costuma citar o open finance como uma das fases de inovação até que se chegue ao real digital. Antes veio o sistema de pagamentos instantâneos, o Pix. Depois, o open finance, com compartilhamento de dados e maior facilidade para o cliente gerenciar seu dinheiro. Os primeiros testes do real digital com a população devem começar no final de 2024. Tudo saindo como o esperado, isso vai permitir transações mais eficientes.
Open finance não é trivial, diz CIO do Itaú
Ontem (27), Matheus Rauber, assessor sênior no departamento de Regulação do BC, havia cobrado mais “criatividade” por parte dos bancos durante sua participação no painel “Open finance e a evolução dos serviços agregados”, como publicou o Fintechs Brasil, hub de notícias parceiro do Blocknews.
“Reconhecemos o comprometimento em implementar as novas regulações, mas o BC espera mais criatividade e a entrega de novos produtos ao consumidor”, disse. Para ele, ainda há poucos produtos sendo oferecidos.
“Não é trivial, temos vários desafios”, disse hoje Ricardo Guerra, CIO do Itaú. “Temos a oportunidade de conhecer melhor o cliente, mas não basta capturar o dado, é preciso saber usar. Ainda estamos aprendendo a fazer a oferta certa no momento certo”.
Para Bittencourt, do Santander, os bancos incumbentes têm que lidar com o desafio de compartilhar os dados dos clientes. Esses, no entanto, estão começando agora a entender isso. “O Open Finance muda o jogo, nos leva a considerar a centralidade no cliente do ponto de vista deles. Tem participantes do mercado muito bons nos desafiando todo dia com melhores experiências”.
Renovação é anual
Reis, do Bradesco, considera que o grande desafio é de fato o cliente sentir que faz sentido dar aquele consentimento, porque está vendo algum benefício. “Temos mais informação, conhecemos melhor o nosso cliente. Mas, como é que a gente aplica isso na prática para trazer mais vantagens e benefícios a ele? Uma taxa de renovação de 4% não é a que nós esperávamos, dado que, do nosso ponto de vista, estamos entregando benefícios”.
O compartilhamento dos dados pessoais de clientes ou de serviços do escopo do Open Finance depende de prévio consentimento por parte dos respectivos clientes. O consentimento deve se caracterizar como manifestação livre, informada, prévia e inequívoca de vontade, feita por meio eletrônico, pela qual o cliente concorda com o compartilhamento de dados ou de serviços para finalidades determinadas, diz o site do Banco Central. E precisa ser renovada anualmente.