Itaú mira fundos de investimentos com nova regulação da CVM para criptoativos

Itaú também se associa à ABCripto.

O Itaú está se preparando de várias formas para ter uma atuação forte em criptomoedas. Uma das ações é buscar os fundos de investimentos financeiros, porque a partir de outubro deste ano, poderão investir diretamente em criptomoedas. Isso porque entra em vigor a mudança na regulação que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou em dezembro passado, por meio da Resolução nº 175.

“Isso vai mudar muito o mercado de criptomoedas”, disse Camyla Serpa, gerente da área de ativos digitais do banco e responsável por estratégia de crescimento. De acordo com a executiva, o cenário hoje é de começar a entender as necessidades dos investidores em criptoativos, como os motivos para colocarem recursos nesse segmento. Assim, com essas informações, o banco poderá se basear para oferecer seus produtos, disse num painel do Modular, evento organizado pela Ripio em Buenos Aires, ontem (22).

Camyla citou uma afirmação recente do CEO do Itaú, Milton Maluhy, de que “banco vai ser do tamanho que o cliente quiser”. E para isso, uma das apostas do Itaú é em criptomoedas num modelo phygital. Ela lembrou também que “custódia é uma das dores do mercado”. Isso porque demanda questões como segurança e governança.

Custódia é sempre é um ponto que representantes do setor financeiro apontam como obstáculo para trazer mais investidores institucionais para o mercado de criptomoedas.

Itaú é membro de associação do setor de criptomoedas

Uma outra ação do Itaú foi se associar à Associação Brasileira de Criptoeconomias (ABCripto), que reúne empresas que nasceram no segmento de criptomoedas ou têm operações também nessa área. O banco, que já chegou a fechar contas de empresas do setor, assim como outros bancos também o fizeram, se tornou o 25º membro da instituição. Isso mostra a virada que este mercado está presenciando.

“Acreditamos no potencial da criptoeconomia como um agente transformador no mercado financeiro global e reconhecemos a importância de estarmos engajados nesse ecossistema. Ao nos associarmos à ABCripto, colocamos o Itaú Unibanco em contato direto com os principais players e especialistas do setor, o que nos permitirá trocar experiências e contribuir ativamente para o desenvolvimento e a regulamentação da criptoeconomia no Brasil”, disse Guto Antunes, Head do Itaú Digital Assets.

De acordo com Bernardo Srur, diretor-presidente da ABCripto, a associação está conversando com outros bancos. Mas com o Itaú a conversa foi mais rápida. Segundo ele, todos os membros da associação têm o mesmo poder de voto. Cada tem ao menos uma cota.

Mas, quem tem a partir de três pode estar no conselho administrativo. No entanto também podem ser convidadas para o conselho empresas que não têm essas cotas. Cada cota custa R$ 6,5 mil e a empresa tem de ser membro por ao menos um ano. A associação mudou o estatuto no início deste ano.

Aproximação cada vez mais próxima

“Ter o Itaú como associado da ABCripto é um marco importante. O banco vai contribuir com atributos que são sua marca, como amplo conhecimento, tecnologia e inovação. Proporcionará oportunidades de investimento e evolução”, completou Srur. 

Para Luiz Roberto Calado, que foi o primeiro presidente da associação e um dos primeiros a transitar entre o mundo dos bancos e criptomoedas, já que veio de bancos, “está claro que os segmentos estão 100% associados”. E lembrou que Murilo Portugal, que entre uma de suas funções já foi presidente da federação dos bancos (Febraban), hoje é conselheiro do MB. E Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Bank Boston, é conselheiro da Binance.

“Quando criamos a ABCripto, o ambiente era outro. Bancos fechando conta das empresas de cripto, muita desconfiança. Lógico que ainda tem muito aprendizado. A Receita Federal e o Judiciário ainda têm preconceito. A entrada do Itaú é positiva, assim como seria a de outros bancos”, completou.

*A jornalista viajou para a Modular a convite da Ripio.

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