A CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos), a bolsa B3, a CERC (Central de Recebíveis) e a CRDC (Central de Registros de Direitos Creditórios), todas registradoras de ativos, vão iniciar nas próximas semanas um teste com blockchain para verificação de que uma duplicata seja registrada apenas uma vez.
Com isso, as empresas atendem a regra do Banco Central (BC) de implantarem a interoperabilidade entre as empresas do segmento. E no futuro, tudo dando certo, poderão usar a mesma infraestrutura para outros dados.
Hoje, não é possível saber se uma duplicata está registrada em mais de uma empresa. Se houver duplicidade, ganha quem descontar a duplicata primeiro, o que vai contra a natureza do registro, que é dar segurança.
Mas, segundo Aldo Chiavegatti, superintendente de infraestrutura do mercado da CIP, o que motivou o projeto é mais a questão da interoperabilidade do que as fraudes.
Isso porque o BC tem andando na direção da interoperabilidade e recebíveis de cartões de crédito, por exemplo, vão entrar na lista. “Isso vai passar a ser rotina”, completou. Portanto, se dados como os de cartões ou outros passarem no teste, as empresas poderão usar a mesma arquitetura e ganhar escala.
A circular 3.968 do BC, de outubro do ano passado, estabelece a interoperabilidade entre sistemas de registro que ofertam o serviço de um mesmo tipo de ativo financeiro para ônus e gravames sobre esses ativos.
Já as fraudes não são gritantes no registro de duplicatas, disse o executivo, porque quando há duplicidade, em geral decorrerem de erro, uma vez que quem registra são as instituições financeiras.
Dados em casa
Com blockchain, cada registradora é um nó e todas poderão verificar os registros num banco de dados comum. “Mas somos competidores, então podemos preservar os dados em casa e cada uma transmite o que as outras precisam ver”, disse Chiavegatti. Um banco de dados central tradicional teria mais brechas de segurança, completou.
Como o BC está abrindo o mercado a mais registradoras, com empresas aguardando autorização para operar, as novas poderão se juntar à rede criada pelas 4 empresas. Mais empresas e novos produtos farão o projeto ser menos custoso. O custo atual é similar ao das soluções centralizadas existentes, segundo o executivo.
As empresas começaram a discutir o projeto no final de 2018 e fizeram a prova de conceito (POC). Vão usar a solução Corda, da R3. Estão em processo de contratação de solução de desenvolvimento e de operação de ambiente. Com isso fechado, poderão saber exatamente o valor do investimento, que não foi revelado.
Ao mesmo tempo em que estão cuidando da infraestrutura, as empresas cuidam da governança da rede, sendo apontada como uma questão delicada por fornecedores e usuários da tecnologia blockchain. “Governança é uma questão sensível desse tipo de projeto”, afirmou o executivo. Todas as 4 são responsáveis pela, mas ainda há pontos a serem definidos.
Os testes começam na segunda quinzena de abril e devem durar de 30 a 60 dias. A expectativa é que as 4 empresas tenham feito os ajustes para começarem ao mesmo tempo. Mas se duas estiverem prontas, o teste já pode ser feito. O número de transações por segundo foi revisada, não foi revelada. De acordo com Chiavegatti, a rede pode se adequar a novos membros e a mais dados.
Além do custo e da governança, um outro desafio de se implantar uma solução blockchain hoje é a falta de experiência do mercado com projetos grandes, com interoperabilidade dos nós e validação da solução, afirmou o executivo.
Bancos
As instituições financeiras analisam o uso de blockchain para outras operações. No ano passado, 9 bancos, com CIP e Febraban, formaram a Rede Blockchain do Sistema Financeiro Nacional (RBSFN) e implantaram na checagem de fraudes por celular. Se algo errado é detectado, uma instituição avisa a outra.
A RBSFN também analisa implantar, ainda neste ano, o uso de blockchain para compartilhamento de procurações e poderes de clientes.
5 comentários em “CIP, B3, CERC e CRDC vão testar blockchain para checagem dos registros de duplicatas”
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