A lista das 250 fintechs mais promissoras do mundo no momento, divulgada pelo CB Insigths, inclui 8 empresas que lidam com criptomoedas ou blockchain. Esta é a terceira lista da empresa de estudos.
Segundo o estudo The 2020 Fintech 250, a Coinbase, plataforma de negociação de criptos, foi a que mais recebeu recursos de investidores dessa categoria. Foram US$ 539 milhões de Andreessen Horowitz, GIC, IDG Capital, Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ e Tiger Global Management. Foi muito mais do que a segunda colocada, a BlockFi.
Neste ano, os fundos dizem que viram mais interesse de investidores, sem darem números sobre novos clientes ou valores sob gestão. Foram atraídos por rentabilidade que já atingiram três dígitos. Segundo a Hashdex, neste ano, seus fundos tiveram rendimentos brutos de 22,11%, 46,18% e 125,02%, conforme o percentual alocado em criptos – 20%, 40% e 10%, respectivamente.
Os juros podem ajudar na expansão do mercado, mas não vão resolver tudo. O caminho para uma adoção mais ampla desses fundos, que inclua investidores institucionais em larga escala, por exemplo, passa também por questões como conhecimento e formatos de custódia, afirmaram, ontem (26), gestores durante painel no Digitalks Expo2020.
Mais segurança
No painel “Digital Assets & Fundos de Investimento Crypto”, Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex, afirmou que quando se fala em custódia, é preciso pensar também em clearing – liquidação das operações de compra e venda -, para que haja dinamismo sem se perder a segurança.
A empresa fechou em junho um acordo com o braço de ativos digitais da Fidelity, que vai fazer sua custódia e negociação de ativos. A custodiante é parte da Fidelity Investments, que tem US$ 8,3 trilhões (cerca de R$ 50 trilhões) sob custódia e hoje (27) entrou com pedido na Securities Exchange Commission (SEC, a CVM dos Estados Unidos) para lançar um fundo de bitcoin.
A adoção dos fundos por investidores institucionais precisa agrupar três fatores: regulação, educação para maior conhecimento dos produtos e infraestrutura, o que inclui custódias, disse Fernando Carvalho, CEO da QR Capital, para quem a custódia é parte fundamental do segmento cripto e uma vantagem em fundos regulados.
“A infraestrutura é o que mais evolui e hoje é maior do que há cinco anos. Isso vai permitir que produtos institucionais nasçam e que o capital de investidores institucionais seja atraído para essa classe de ativos”, completou.
Questionados pelo moderador e organizador do Digitalks, Rubens Neistein, se custódia e clearance não colocariam o segmento de cripto mais distante da descentralização e mais próximo do mercado tradicional, Daniel Coquieri, fundador da corretora BitcoinTrade, disse que as pessoas não estão preparadas para fazerem custódia.
“Não é o que as pessoas estão buscando, tanto que 90% da nossa custódia está parada”. Embora não seja o negócio da corretora, a empresa presta esse serviço, o que gera necessidade de muito investimento em segurança.
Além de investidores institucionais, os fundos de criptos também têm o público fora do grupo da geração do milênio para ser atraído. Na Charles Schwab, empresa de investimentos na qual a XP Investimentos se inspirou, os milleniums têm 1,8%, 2% da carteira de aposentaria em criptomoedas, afirmou Rudá Pellini, da gestora de ativos Wise&Trust.
“Mas os ‘baby boomers’ (geração que nasceu no pós-II guerra), não têm criptos. É uma situação geracional, de educação, eles precisam entender que tem gente séria nessa área e não há só golpe.”
Segundo Coquiere, o desconhecimento ainda é um obstáculo para o investimento dar o próximo passo. Isso vem diminuindo e o papel de quem atua no setor é ajudar a infomação a chegar nos investidores.
Estrelas em ascensão no mundo de criptoativos, os instrumentos financeiros descentralizados (DeFi) ainda encontram gargalos de crescimento em questões como custos das operações, falta de regulamentação e, para alguns investidores, percepções ruins criadas por projetos que não entregaram o que prometeram. A expectativa é de que nos próximos 12 meses haja mais discussões sobre regulamentação no mundo e busca por outras plataformas blockchain para esse tipo de transação, além da Ethereum, onde se concentram hoje.
A movimentação dos projetos de DeFi acabaram afetando os valores das transações na Ethereum. Segundo o DeFi Pulse, havia US$ 7,25 bilhões (cerca de R$ 42 bilhões) alocados nesses instrumentos no início da noite de hoje (26), valor que deu um salto enorme nos últimos meses com algumas novidades no mercado.
De acordo com Bernardo Quintão, da MB Digital Assets, o custo da transação depende da complexidade do smart contract. O mais simples pode chegar a US$ 5 e os mais complexos a US$ 50.
“O progresso é difícil e muito da evolução vai passar pelos custos das operações, mas talvez tenhamos experiências com outras blockchains”, completou Russo, que acredita num aumento do uso de DeFi no Brasil.
Tecnologia nova cria limite
Para Bernardo Schucman, CEO da Fastblock, a tecnologia ainda é muito nova e isso é um limitador hoje. Isso impede, por exemplo, levar DeFi para o mercado financeiro, completou. A Fastblock é uma das maiores consultorias de mineração em blockchain do mundo e hoje a Marathon Patent, mineradora e listada na Nasdaq, anunciou que assinou carta de intenções para comprar a empresa até setembro.
“Estamos no início desse processo de conhecimento do que a tecnologia é capaz de fazer para DeFi ser escalável e se baixar o custo. Primeiro precisamos massificar. Precisamos fazer o bitcoin dar certo.” Segundo ele, a criptomoeda é a principal prova de conceito (PoC) da tecnologia blockchain. Embora tenha subido de valor como um rojão desde seu lançamento, ainda há discussões se a principal cripto do mercado é sustentável. E até agora, o mercado financeiro tradicional não aderiu a esse ativo.
Entrar no mercado financeiro tradicional é uma das dificuldades que nem bitcoin conseguiu ainda. Foto: Annac, Pixabay
Além de custos, a evolução deve passar por maiores preocupações com protocolos e emissões, porque parte do universo de DeFi é empréstimo, o que envolve análise de crédito, identidade e histórico de compras, por exemplo, disse Quintão. Isso dará mais segurança a quem empresta e pode dar também maior confiança para o investidor, já que muitos caíram em promessas enganosas. “Ainda vamos ver vários golpes, mas vamos ver também experimentos bons nos próximos meses”, completou.
“Com o tempo, vamos sair dos modelos de golpe e serão estruturados modelos descentralizados mais eficientes, que permitam um acesso muito melhor ao sistema financeiro”, disse Evandro Camilo, advogado especializado em blockchain da C2Law.
Mas para Courtnay Guimarães, cientista-chefe da BRQ Digital Solutions e moderador do debate, DeFis são uma bolha.
Intermediários
Embora blockchain tenha sido criada para negociações P2P (indivíduo com indivíduo, sem intermediários), a questão é se isso é possível nos DeFis. Schucman acredita que com o tempo, regras para as operações, como acontece com o bitcoin, vão eliminar a necessidade de intermediários. “Vai ser pago o que está regido no algoritmo”.
“O DeFi pode quebrar barreira entre mercados de crédito, seguros, consórcios e financiamentos. A grande magia do blockchain é trocar valor globalmente e aplicado a DeFi, pode servir a várias coisas interessantes. Mas o que se vê hoje já é interessante para a nossa bolha, como swap. Não acho que um cliente de varejo, leigo, vai usar um swap hoje, isso é uma evolução do mercado e por isso precisa de um intermediário para chegar lá de forma fácil”, afirmou Quintão.
Não conseguimos conseguimos transformar bitcoin em mainstream pela complexidade (para o leigo) e o DeFi tem uma complexidade a mais, disse Guimarães.
Um dos riscos, para Russo, está em intermediários que são responsáveis pelos tokens que financiam a operação e não têm valor intrínsico, deixando para trás o projeto mais tarde sem entregar valor. “É preciso boa governança e princípios sérios”.
O Mercado Bitcoin (MB) passou a ser listado e oferecerá cotações de criptomoedas na TradeMap, plataforma de investimentos no Brasil e Estados Unidos, incluindo ações, renda fixa e fundos, que tem 350 mil investidores ativos diariamente e mais de 2 milhões cadastrados.
Para acessar as informações de criptomoedas, o usuário deverá sincronizar as duas plataformas e usar o Multibroker, ferramenta para o envio de ordens ao mercado, disse Fabricio Tota, diretor do MB.
A consulta foi aberta no último dia 20 de agosto e busca informações para eventuais melhoria regulatórias para promover os investimentos no país. Há 12 setores abordados, entre eles financiamentos, seguros e mercados de capitais, aduaneiro, defesa, TIC. Criptoativos é abordado no tema tributação.
Quem quiser dar sua opinião deve preencher um formulário.
O Bitfy, app de uma carteira digital de criptomoedas, fechou parceria com o aplicativo de entregas iFoode o mercado online de vinhos Evino, para pagamento desses serviços com bitcoin.
No iFood, o aplicativo converte criptomoedas em saldos na carteira no serviço de entregas por meio do cartão digital iFood Card. Não há mais detalhes sobre as transações com a Evino.
As parcerias incluem desconto de 4% para usuários do iFood e de 6% para os da Evino.
A 11ª edição do Digitalks Expo começa na próxima quarta-feira (26) e vai até a sexta-feira (28), com mais de 100 palestrantes e 12 trilhas de conteúdos. Das 12 trilhas, uma será foca em blockchain e outra em criptoativos. O evento já tem mais de 15 mil inscritos.
Por conta da pandemia do Covid-19, o principal evento sobre economia digital do país também será totalmente online e gratuito. Isso inclui as salas de networking e negócios.
O Blocknews é mídia parceira do evento.
Além de blockchain e criptoativos, algumas das outras trilhas do evento são tecnologia, inovação, transformação digital, gestão e pessoas, marketing digital, negócios e empreendedorismo.
Os debates sobre blockchain incluem temas como energia limpa e uso da tecnologia em processos de transformação digital.
Tokens DeFi e CVM
Entre os temas da trilha sobre criptoativos estão os de ativos digitais como tokens, os DeFi (aplicações para operações financeiras), fundos de criptos e regulação, que terá como palestrante Isac Costa, analista de mercado de capitais da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Tanto o uso da tecnologia blockchain, quanto das criptomoedas, tem crescido no Brasil. De acordo com projeções do Gartner Group, até 2025, o mercado de blockchain deverá chegar ao patamar de US$ 176 bilhões, ultrapassando US$ 3,1 trilhões em 2030.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou a suspensão imediata de oferta de todas as ofertas públicas de valores mobiliários pela CoinBene. Segundo a autarquia, a CoinBene, nome fantasia da CB Brasil Serviços Digitais Ltda. e seu responsável, Chenmin Gao, estão captando clientes “com oferta pública de instrumentos financeiros com características de contratos derivativos”.
A CoinBene não tem autorização para captar clientes no Brasil, pois não faz parte do sistema de distribuição, disse a CVM. Caso não acate a suspensão, a CoinBene será multada em R$ 1 mil ao dia.
Archax, uma bolsa para negociação de tokens, se tornou a primeira bolsa e custódia regulada de ativos digitais securitizados do Reino Unido, que opera, portanto, com blockchain. A Financial Conduct Authority (FCA), o regulador do Reino Unido, autorizou a negociação em mercado secundário de ativos de todo o mundo.
A empresa é formada por executivos que vieram do mercado financeiro tradicional, como seu CEO, Graham Rodford, que tem quase 20 anos no setor. Antes de fundar a Archax, ele trabalhou num fundo de hedge e HSBC e em operações de criptoativos.
A empresa também é a primeira a receber o registro de criptoativos da FCA portanto, está alinhada ao Virtual Asset Service Provider (Fornecedor de Serviços de Ativos Virtuais, VASP em ingles), um registro que faz parte das regras anti-lavagem de dinheiro.
A tokenização de ativos é visto como uma das novas fronteiras do mundo cripto, com potencial para crescer muito nos próximos anos. No Brasil, o Mercado Bitcoin tem negociado tokens de cotas de consórcio e precatórios, por exemplo. Outras possibilidades que a Archax poderá explorar são os ativos securitizados lastreados em dívidas e fundos.
A Kira, que desenvolve softwares para operações financeiras descentralizadas (DeFi), anunciou hoje (19) que há 15 dias concluiu uma rodada de investimento seed com recursos do private equity Ascensive Asset Management e do Alphabit Fund.
Na semana passada, a empresa fechou uma rodada privada de US$ 2,2 milhões liderada pelo BTC12 Capital, com suporte da TRG Capital, NGC Ventures e Origin Capital, para a qual houve excesso de demanda. Os investidores que ficaram na lista de espera foram convidados a participar de próxima rodada, planejada para o último trimestre de 2020.
Todos esses investidores estão apostando num mercado que cresce rapidamente e numa empresa que diz ter uma solução única para escalar as operações de DeFi.
Segundo a site DeFi Pulse, nesta manhã há U$6,32 billion (cerca de 34,8 bilhões) alocados em DeFi. Há apenas 3 meses, o valor era de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,5 bilhões). O lançamento do protocolo Compound e ganhos com farming explicam boa parte desse crescimento.
No entanto, também é preciso considerar que calcular com precisão os valores de DeFi é tarefa árdua e ninguém parece ter achado uma fórmula confiável até hoje. Os valores podem estar muito inflados por conta do tipo de operação que se faz em DeFi, em que uma mesma quantia pode estar alocada em diferentes plataformas ao mesmo tempo. Há quem diga que o valor real é cerca de metade do que o DeFi Pulse diz. Ainda assim, são em torno de US$ 3 bilhões (perto de R$ 16,5 bilhões).
Validar e negociar ao mesmo tempo
O grande diferencial da empresa está no fato de que seu protocolo de intercâmbio interno de (IXP na sigla em inglês) permitirá que sua aplicação DeFi seja a primeira a permitir que os usuário validem e negociem um ativo ao mesmo tempo.
A empresa está criando uma solução realmente descentralizada que permite escalar o acesso ao mercado e isso vai revolucionar o DeFI, disse Roger Lim, sócio-fundador da NGC Ventures.
A Kira afirma que está criando um ecosistema DeFi full stack e deve fazer o primeiro teste da rede blockchain nos próximos 3 meses, disse o CTO da empresa, Mateusz Grzelak.
A Kira Core usa infraestrutura da Tendermint e da Cosmos SDK. A empresa criou uma prova de consenso, chamada de Multi-Bonded Proof of Stake (MBPoS), que permite a geração de receita com a validação de criptoativos e moedas digitais fiat e, ao mesmo tempo, mantém a liquidez através de derivativos. Além disso, permite o uso do ativo digital em diferentes redes ou aplicações DeFis blockchain interconectadas ao mesmo tempo.