Mercado secundário de startups da SMU passa de 2 mil negócios

Pedro Rodrigues, CEO do Mercado de Startups SMU.

Depois de lançar em março passado sua plataforma de mercado secundário para empresas de tecnologia, o Mercado de Startups (ex-Estar), e listar seus próprios tokens, a SMU Investimentos, que usa blockchain, começa aos poucos a tracionar a iniciativa. Até a semana passada, houve 2.034 negócios, impulsionando 6.284 tokens junto a 1.079 investidores. Com três ofertas de startups, a rede movimentou R$ 233,6 mil, de acordo dados que a SMU informou ao Finsiders, parceiro de conteúdo do Blocknews.

A iniciativa está no sandbox da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). E quatro parceiros estão nela. Além da SMU estão o Demarest Advogado, Digitra.com e nTokens.

Além dos tokens do Mercado de Startups SMU, a plataforma listou os da Radix, greentech que faz reflorestamento de mogno-agricano. A árvore dá origem a uma madeira nobre. Depois, em junho passado, foi a vez dos tokens de renda fixa do Grupo Muda, que atua com a gestão de resíduos, logística reversa e economia circular.

Além disso, na última quinta-feira (13), lançou a captação da More.co, proptech que vende imóveis modulares por assinatura. A startup tem na carteira clientes como Chillibeans, Onii, Kopenhagen, Oakberry, Imaginarium, Natura e Grupo BRMalls.

Mercado de Startups lançou tokens da More.co

Antes de entrar para o mercado secundário, onde são negociadas entre investidores, as empresas têm seus papéis oferecidos por meio de um “mini IPO” na SMU. Ainda que não conte com auditoria, o projeto criado na esteira do sandbox da CVM determina que as companhias precisam divulgar seus relatórios financeiros a cada trimestre.

No mercado primário, o Grupo Muda levantou R$ 600 mil via emissão de nota comercial em menos de 10 dias da abertura da captação. Isso foi 20% acima da meta de R$ 500 mil. O token tinha investimento mínimo de R$ 1 mil. Entre as vantagens, ofereceu juros de 2,25% ao mês e pagamentos trimestrais aos investidores.

Ao final dos 18 meses do sandbox da CVM, a pessoa recebe os R$ 1 mil mais 28% dos juros, um patamar bem acima dos títulos prefixados do Tesouro Direto atualmente, que pagam pouco mais de 10%, por exemplo.

Por outro lado, a ideia com a More.co é captar R$ 1 milhão. Com juros prefixados de 1,90% ao mês e pagamentos trimestrais ao longo de 36 meses, o investimento tem retorno de 51,70%. A startup precisa primeiro finalizar a etapa no mercado primário, para só depois entrar na roda do mercado secundário.

Juros em queda beneficia plataforma

“Com a sinalização de que os juros devem começar a cair, (o mercado secundário) é algo muito atrativo para os investidores. Para as empresas, os juros que nós conseguimos são melhores do que os de um banco”, afirma Pedro Rodrigues, CEO do Mercado de Startups SMU e sócio da SMU. Segundo ele, o patamar de juros pode ser maior ou menor, dependendo da garantia oferecida pela empresa.

De acordo com Thiago Giantomassi, sócio do Demarest, os reguladores têm utilizado os conceitos existentes em lei ou regulação, com esclarecimentos, quando o assunto são os criptoativos. “Foi o que fez a CVM aqui, ao mencionar a securitização e o crowdfunding como mecanismos viáveis para tokens de renda fixa”, completou. Outros projetos que não atendem a esses mecanismos estão em desacordo com a regulação, indicou a Comissão recentemente.

Para ser listada, a startup precisa fazer um depósito caução. Se não honrar com os compromissos, essa nota comercial é executada de forma extrajudicial, sem a cobrança de IOF. A intenção dessa estrutura é justamente oferecer mais segurança a quem investe, já que se trata de uma iniciativa nova no país, em um setor de risco considerável.

E o ‘inverno’ das startups?

De acordo com o CEO, a priorização dos fundos de venture capital de negócios que crescem de maneira sustentável gerou o impacto do “inverno” no segmento. Mas, nem por isso o dinheiro deixou de ser uma necessidade. “As empresas sentiram essa dificuldade, mas ainda precisam de recursos para sobreviver. E aí acabou indo para dívida, que já existe no mercado. Alguns casoss do nosso portfólio têm receita recorrente, como o Grupo Muda”, diz Pedro.

Até aqui, o Mercado de Startups SMU soma mais de 1,8 mil carteiras ativas. Os tokens são listados por R$ 10 cada, enquanto o ticket médio por investidor gira em torno de R$ 67. Dessa forma, a plataforma de mercado secundário já atingiu um market cap de R$ 10 milhões. A previsão em março era a de alcançar entre R$ 20 milhões a R$ 30 milhões.

Para chegar lá, mais três startups negociarão seus tokens até dezembro por meio da SMU, enquanto outras quatros farão isso no âmbito do sandbox via outras plataformas, como o Kria. No final do dia, os tokens listados no mercado secundário podem ter realizado a captação no mercado primário em outras plataformas.

Na SMU, a ideia é manter a pegada ESG na oferta dos tokens. Essa é uma característica em comum das startups que levantam recursos em crowdfunding junto à empresa.

*Com Blocknews.

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