Mercado Bitcoin Digital Assets vai lançar token de consórcios

A MB Digital Assets (MBDA), braço do Mercado Bitcoin para ativos digitais atrelados a ativos reais, vai iniciar neste semestre a venda de tokens de cotas de consórcios excluídas. Essas cotas são de pessoas que deixam de pagar o consórcio. Os ativos estão sendo definidos e devem ser de até R$ 50 mil, como carros e motos. O piloto poderá ser na faixa de R$ 5 milhões.

O projeto é comprar com desconto a parte já paga pelo consorciado, terminar de pagar o que falta e depois resgatar o valor cheio. De acordo com a MBDA, há cerca de 15 milhões de cotas de consórcio no país, mas praticamente a metade é cancelada.

É um processo semelhante ao que a MBDA faz com os tokens de precatórios que começou a vender em agosto de 2019. Os ativos da MBDA são negociados pela plataforma do MB, a maior do país para criptoativos.

“Estamos pegando o que funcionou na nossa experiência com precatórios, como vender frações de R$ 100,00, valor inspirado nos fundos imobiliários”, disse ao Blocknews Fabrício Total, diretor de OTC (mercado de balcão), do MB.

A operação será em conjunto com a Concash, que compra cotas de consórcios inadimplentes ou canceladas, e que será a originadora dos ativos. O teto de R$ 50 mil das cotas a serem tokenizadas se deve ao fato de que até aí, o cotista aceita perder parte do que pagou.

A MBDA, que tem entre seus sócios pessoas que já foram do mercado financeiro, tem ainda uma lista de cerca de 7 ativos em análise. Em 2018, a empresa começou a identificar o que poderia fazer com a tecnologia e o conhecimento que tem com as criptomoedas para diversificar seu negócio.

“Olhamos em especial os tokens e estudamos o que a regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitia e não permitia, o que tem representatividade e é útil para o investidor e o detentor do ativo real. Vimos que sobrava muita coisa interessante”, completou Tota. A concentração é em ativos grandes e de mercados conhecidos dos executivos da MBDA.

“Inovação não pede licença, mas fazemos com muito cuidado”, disse Tota. A empresa busca se garantir de que o ativo não tem valor mobiliário. No caso dos precatórios, já houve conversas com a CVM e, segundo o executivo, “até agora, tudo bem”.

Esse levantamento é ajudado pelo fato de a empresa contar com executivos que passaram pelo mercado financeiro, em empresas como a Cetip ( Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos), que foi comprada pela B3.

Tota afirma que embora os investidores da MBDA sejam em boa parte os da base de clientes em criptomoedas. Mas são pessoas em geral que conhecem sobre investimento de forma mais abrangente. “Miramos um público que busca alternativa à renda fixa, que busca uma alocação mais estratégica, não tanto de especulação”. O investidor de criptomoedas, em geral, é alguém que está mais interessado em no sobe e desce do mercado.

Uma outra diferença entre os dois segmentos é o esforço exigido para estruturar a venda de tokens, muito mais trabalhosa do que o negócio da bolsa de criptomoedas.

Precatórios

No caso dos precatórios, a empresa consegue descontos na compra do ativo de cerca de 15% a 20% em títulos federais. É desses títulos que deve vir o primeiro pagamento aos investidores, já que se espera o pagamento pela união ainda neste ano, segundo Tota. Quem compra uma fração, consegue ver exatamente qual precatório ela representa, disse a MBDA.

Em estaduais o desconto é maior, podendo chegar a 40%, porque os atrasos de pagamento também são.

A MBDA calcula que o retorno para o investidor é de cerca de 16% ao ano bruto, porque considera o desconto na compra do ativo e as correções e juros do título quando é pago.

A empresa vendeu 4 tokens de precatórios da união e dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, num valor de R$ 25 milhões. Em novembro começou a negociação do mercado secundário dos títulos. A preferência é pelo precatório alimentar, de salário não pago, porque tem prioridade no pagamento dos governos.

O plano para 2020 é fechar o ano com um volume total de negócios – tokens e criptomoedas – de R$ 9 bilhões, o dobro de 2019, e com 3 milhões de clientes, ante os 1,8 milhão do ano passado. A empresa não revela números de transações em criptomoedas.

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