Marcos Muñoz é CEO e fundador da Bitnovo, que tem mais de 40 mil pontos de vendas de criptomoedas em hipermercados e lojas na Europa. Também fundou e dirige a carteira digital Bitsa e mais cinco empresas, todas com foco em inovação. Começou em TI com conserto de computadores. Agora, vai expandir seu negócio de criptos entrar na América Latina, começando pela Colômbia.
Na entrevista abaixo, o executivo conta sua história ao Blockchain Economía, site espanhol parceiro do Blocknews.
BE: Você é da área de tecnologia e criou sete empresas, começando por consertos de computadores e celulares. Foi pioneiro em desbloquear celulares para mudança de operadora e criou franquias. Como passou para as criptomoedas?
MM: Entrei em bitcoin por necessidade. Criamos uma web de desbloqueio de celulares e liberamos mais de 10 milhões nos primeiros sete anos. O negócio cresceu com clientes de todo o mundo, mas havia problemas de cobrança em países desbancarizados ou com altas tarifas para transferências. Conheci as criptomoedas e entramos na mineração porque tínhamos muita capacidade de computação na empresa. E então criamos uma ponte de pagamentos com criptomoedas para clientes em 2013.
BE: Qual sua opinião sobre bitcoin como investimento?
MM: Bitcoin foi criado para realizar troca de valor com algo que não se pode copiar e que se transmite através da internet. Pessoas de fora do setor estão colocando a tecnologia no investimento de maneira especulativa. Sigo vendo bitcoin cpmo ferramenta de transmissão de valor, muito útil para países em desenvolvimento sem economia regulada e com muitos desbancarizados. No Bitnovo não damos conselhos de investimentos e nisso somos das poucas empresas de criptomoedas que não receberam advertência da Comissão Nacional de Valores de Mercado (CNMV) da Espanha.
BE: Por que criou o Bitnovo num país desenvolvido como a Espanha?
MM: Criei em 2015 para democratizar o acesso, compra e uso das criptomoedas. É um sistema livre, simples e sem intermediários, que permite aos desbancarizados armazenar e transferir valor. O usuário é o único custodiante da moeda. A criptomoeda não nasceu para ser custodiada e nem armazenada por terceiros. Para isso, há os bancos.
Além disso, desenhamos um caixa eletrônico de cupons físicos que são pagos em euros. Esses cupons têm um código pin resgatável pela web ou aplicativo do Bitnovo por criptomoedas. Fomos a primeira empresa espanhola a fazer isso. Evitamos os ataques cibernéticos e oferecemos segurança.
40 mil pontos de vendas de criptomoedas na Europa
BE: Como tem sido a aceitação dos pontos de venda físicos?
MM: Têm sido boa. Temos 28 mil pontos na Espanha, 12 mil em Portugal, França e Itália. Bitnovo vende criptomoedas em hipermercados como Eroski e em redes de lojas conhecidas como Fnac, Worten e Game. Isso facilita a compra de criptomoedas pelos desbancarizados. Além de ser seguro e dar privacidade na compra, algo que os mais jovens desejam.
Temos uma plataforma internacional de compra e venda de 25 criptos que permite a compra com cartão de crédito. Um serviço de wallet, não de custódia. Há também a recarga de criptomoedas com dinheiro fiat com parceiros de cartões pré-pagos. Já fizemos 827 mil transações através da Bitnovo e o app foi baixado 47 mil vezes em cinco anos. Superamos 80 mil usuários e o volume de negócios chegou a 71 milhões de euros em 2020.
BE: Qual seu plano de expansão?
MM: Estamos entrando na América Latina pela Colômbia. Temos um acordo para nos integrar com uma empresa britânica que tem 5 mil máquinas de vendas. Faremos isso depois do verão (europeu) para atuarmos em toda a Europa. Seremos a primeira empresa europeia de caixas de criptomoedas.
Estamos também desenvolvendo uma ponte de pagamentos de e-commerce que aceita criptomoedas e um terminais de pontos de vendas para aceitar pagamentos em cripto ou em moeda fiat. Nosso sistema vai ser fornecedor de empresas como Western Union, que levam cerca de 12 horas para realizar transferências. E crescerá mais em países com moeda deflacionária.
A entrevista completa com Marcos Muñoz está no Blockchain Economía.