As criptomoedas são uma classe de ativos institucionais? Num relatório divulgado pelo Goldman Sachs (GS), especialistas dão suas opiniões. Uma delas, é a de que a rede Ethereum tem potencial para ser um grande mercado para provedores de informações confiáveis, “como a Amazon é para produtos de consumo.” Assim, poderá ser a criptomoeda dominante.
Essa afirmação é de Jeff Currie, Líder global de Pesquisa de Commodities Research do GS. O banco vai e volta em sua relação com as moedas criptografadas. Primeiro gostou e ofereceu. Depois, cancelou o serviço e disse que não era classe de ativos. Mas, recentemente voltou a negociar com a explicação de que segue a demanda de clientes institucionais.
Um dos autores de artigo no relatório é Michael Novogratz, co-fundador e CEO da Galaxy Digital Holdings. A empresa negocia, investe e faz gestão de criptomoeas. De acordo com o executivo, “o mero fato de que uma massa crítica de investidores com credibilidade e instituição estão se engajando com criptoativos cimentou suas posições como uma classe oficial de ativos”.
Para ele, os investidores institucionais não vão se afastar de bitcoin enquanto o cenário político e macroeconômico continuar. Isso significa um cenário em que o governo não tem como parar os gastos sociais que o banco central, o Fed, está financiando em boa parte.
Para ele e para Zach Pandl, co-líer global de taxas de câmbio do GS, bitcoin é um reserva de valor. Isso porque “o mundo escolheu acreditar nisso”. Além de ter uma marca forte, questões como segurança, facilidade de transferência e privacidade ajudarão a moeda a crescer, completou Pandl.
No entanto, Currie o o analista de commodities Mikhail Sprogis acreditam que a reserva de valor existirá apenas se houver uso da criptomoeda. E, assim, redução da volatilidade do preço. Mas, um dos desafios para o crescimento das criptomoedas está nas questões legais.
Já aclamado economista Nouriel Roubini, professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York (NYU), discorda de tudo. Para ele, algo que não tem renda, utilidade ou relação com os fundamentos da economia não pode ser uma reserva de valor.
Em 2000, Roubini começou a prever que alguma coisa ia mal na economia dos Estados Unidos e fez vários alertas. Disse que tinha algo errado com o mercado imobiliário e que isso isso dragar a economia do país. Foi criticado. Até explodir a crise financeira de 2008, que tem efeitos até hoje no mundo. Daí passou a ser visto como sábio.
O economista tem dúvidas sobre o interesse da maioria das instiuiçoes num mercado tão volátil e arriscado. A drástica queda da cotação da moeda nos últimos dias foi, para ele, um aviso sobre isso.
O relatório ainda não é público, embora esteja circulando em grupos de Whatsapp e chegou às mãos dos jornalistas.