O Brasil foi, de longe, o país que mais recebeu remessas exteriores de criptomoedas na América Latina entre julho de 2019 e junho de 2020. Foram cerca de US$ 9 bilhões (R$ 51,3 bilhões) em criptos, sendo pouco mais US$ 5 bilhões (R$ 28,5 bilhões) em bitcoins e US$ 2 bilhões (R$ 11,4 bilhões) em USDT.
A Venezuela e a Argentina vem em seguida com pouco mais de US$ 3 bilhões. Nos dois países, criptos ganharam espaço com a desvalorização das moedas locais.
Os números são do relatório Chainalysis 2020 Geography of Cryptocurrency, que será divulgado na íntegra neste mês. A Chainalysis é uma empresa de análise de dados sobre criptomoedas.
Segundo a empresa, o Brasil responde pela maior parte do volume on-chain da América Latina, mas a Venezuela tem um grande volume de transações P2P (peer to peer), que são um mantra do segmento de criptos de como deve funcionar o mercado.
Os números totais da América Latina mostram que essa é um dos menores mercados de criptomoedas do mundo, perdendo apenas para África e Oriente Médio. E mostram também que uso dessas moedas vai além da especulação vista em outros locais, uma vez que há muitas transações comerciais.
O motivo é a baixa bancarização da população e a necessidade de se fazer e receber transferências internacionais de recursos, sendo cerca de 90% vindo de fora da região, em boa parte de países desenvolvidos onde latino-americanos trabalham.
Baixo crescimento
De acordo com o relatório, o equivalente a US$ 25 bilhões em criptomoedas foram enviados da América Latina e US$ 24 bilhões foram recebidos no período de julho de 2019 a junho de 2020. Os volumes também marcaram um crescimento mensal de 5% a 9%, o segundo menor das regiões analisadas.
As transferências em criptos se explicam, em boa parte, pela solução que representam em termos de custo e tempo na comparação com o uso de bancos e outras empresas de remessas.
O estudo aponta ainda que a região tem a segunda maior fatia de atividades de transferências de e para atividades criminais com criptomoedas. Responde por 2,4% de todas os recebimentos e de 1,6% dos envios.
Desse total, 61% foram golpes que atingiram a F2TradingCorp, FXTradingCorp e a WishMoney, vítimas, segundo a Chainalysis da maior parte das transferências entre julho e novembro de 2019, auge dos crimes na região. Os números agora estão caindo, segundo a empresa.
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