15 pessoas no Brasil e no mundo que fazem a diferença nos 15 anos do white paper do Bitcoin

White paper foi publicado em meio a crise global.

O white paper que deu uma chacoalhada nas histórias do dinheiro, do valor, dos pagamentos, do câmbio e assim, do sistema financeiro – só para citar alguns dos seus impactos -, completa 15 anos nesta terça-feira, 31 de outubro. “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System” (Bitcoin: Um Sistema de Dinheiro Eletrônico Peer-to-Peer, em português), assinado por Satoshi Nakamoto, faz aniversário em meio ao avanço das regulações sobre empresas provedoras de serviços de criptoativos pelo mundo, movimentos dos bancos centrais para terem suas moedas digitais e a expectativa de que algumas das marcas dos próximos 12 meses sejam o crescimento da tokenização de ativos reais (RWA) e a recuperação do preço do bitcoin e das altcoins.

A data de publicação do white paper foi exatamente 30 dias depois de um colapso nas bolsas de valores pelo mundo, em 30 de setembro, em meio à explosão do que ficou conhecida como a Crise Financeira Global de 2008, que arrastou o planeta para uma das maiores depressões econômicas da história. Tanto que muita gente acredita que a proposta do bitcoin é uma resposta ao sistema vigente.

Depois de Nakamoto, outros personagens surgiram no ecossistema no Brasil e no exterior. O Blocknews fez uma pesquisa com seus leitores e grupos relacionados a blockchain e criptomoedas para suas opiniões sobre saber quem se destacou nos últimos 15 anos no ecossistema blockchain-ativos digitais aqui e globalmente. A lista abaixo tem os nomes mais citados, além de Satoshi Nakatomo e Vitalik Buterin, que pedimos para não serem votados porque naturalmente entram em qualquer lista desse tipo. Vamos ao nomes, por ordem alfabética:

Cathie Wood – Americana, é CEO, CIO e fundadora da gestora Ark Invest, gestora de investimentos que criou em 2014 com foco em tecnologias disruptivas. Entre suas apostas estão as criptomoedas. Defensora do bitcoin, acredita que em 2030 a criptomoeda pode chegar a US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 7,5 milhões), sendo um “ouro digital”. E não só isso, acredita na tecnologia blockchain para melhorar a eficiência do sistema financeiro. Com isso, se tornou uma das maiores “embaixadoras” do ecossistema num meio em que se relaciona com investidores institucionais, tão desejados pelo setor, mas que ainda não entraram ativamente nesses ativos digitais.

Changpeng Zhao – Figura controversa no mundo dos criptoativos, é o cofundador e CEO da Binance, de longe a maior plataforma de criptoativos do mundo e que oferece outros serviços, como de infraestrutura. A Binance e CZ têm enfrentado reações de reguladores às suas operações em alguns mercados, como o dos Estados Unidos, por considerarem que faltam às transações autorizações para acontecerem, além de controles de Know Your Client (KYC) e de combate a fraudes e lavagem de dinheiro. Em meio a isso, a empresa buscou ter autorizações em algumas jurisdições.

Daniel Coquieri – Fundou a plataforma BitcoinTrade em 2017. Vendeu a empresa quase quatro anos depois, em 2021, para a argentina Ripio, e na sequência fundou a Liqi Digital Assets, de tokenização de ativos. No Brasil, foi um dos pioneiros nessa área, como outros nomes nesta lista. A Liqi tem investidores como o Kinea Ventures, fundo de corporate venture capital do Itaú, Galapagos Capital e Honey Island.

Edilson Osório – É um dos dois brasileiros que apareceram na pesquisa nas duas categorias, as de profissionais relevantes no país e no mundo. Fundou e dirige a OriginalMy, que criou em 2015 e que se define como a primeira empresa do Brasil a desenvolver soluções em blockchain. Seu foco é governança digital e autenticação de informações. Em 2018, transferiu a sede para a Estônia. O mercado brasileiro continua sendo relevante no negócio, mas tem clientes em outros continentes.

Gavin Wood É um dos cofundadores do Ethereum junto com nomes como Vitalik Buterin e Joseph Lubin, fundador da ConsenSys. Também é o autor do chamado “Yellow Paper” Ethereum: A Secure Decentralised Generalised Transaction Ledger, que traz as especificações técnicas da Ethereum Virtual Machine (EVM), um subsistema da rede que executa contratos inteligentes. Além disso, fundou a Parity Technologies, que criou a Polkadot, solução para interligar várias blockchains.

Gustavo Chamati – Em 2013, assumiu o site Mercado Bitcoin, que se transformou na exchange. Nessa empreitada de fundação da empresa estavam também seu irmão, Mauricio, e Rodrigo Batista, hoje CEO e fundador da Digitra.com – ambos foram citados na pesquisa. A exchange passou a ser parte da 2TM, que é investida da Gear Ventures, da qual também é fundador, e se tornou unicórnio com uma rodada que incluiu o Softbank.

Jeff Prestes – Conhecido como um dos maiores especialistas em Ethereum no Brasil, tanto em questões técnicas como em seu uso em negócios. É desenvolvedor de software, palestrante e professor, função que já desempenhou em instituições como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), além de atuar como consultor de empresas. Em blockchain, atuou como Arquiteto de Blockchain em instituições como Panther Protocol e Mercado Bitcoin.

João Canhada – Depois de negociar bitcoin em exchange e em P2P dentro de grupos no Facebook, em 2014, fundou a Foxbit junto com Guto Schiavon, ambos da comunidade bitcoin. A plataforma cresceu para serviços além da negociação de criptomoedas. Em 2022, concluiu sua série A com um aporte de R$ 110 milhões do OK Group, que detém uma das maiores corretoras do mundo.

Mauricio Magaldi – Junto com Edilson, da OriginalMy, foi indicado tanto pela atuação no Brasil, quanto no exterior. Mauricio é host do podcast BlockDrops, o primeiro do país com foco em uso de blockchain em empresas. Fez transição de carreira, ao sair do mercado financeiro para o de ativos digitais, primeiro na 11:FS e agora na Input Output (IOHK), solução de proteção de dados em blockchain. As duas empresas estão em Londres, onde está agora baseado.

Michael Saylor – Fundador da MicroStrategy, da qual foi CEO e hoje é Chairman Executivo, fez a empresa comprar bitcoins pela primeira vez em 2020. Foi uma das primeiras a anunciar publicamente que comprou a cripto, num valor expressivo, para colocar como reserva de valor no balanço. Ao mesmo tempo que foi aplaudido pela comunidade cripto, fora dela, muita gente criticou Saylor pela decisão, dada a volatilidade da moeda. Em 24 de setembro passado, a empresa contabilizava 158.245 bitcoins, num valor naquele momento de cerca de US$ 4 bilhões.

Roberto Campos Neto – Economista e com carreira no mercado financeiro, o presidente do Banco Central do Brasil é entusiasta de tecnologia e de blockchain. A instituição estuda a tecnologia descentralizadora há anos e no mandato de Campos Neto passou a desenvolver o projeto do real digital. Com isso, o Drex se tornou referência entre os BCs do mundo e surpreende empresas e instituições financeiras em outros países. O projeto é coordenado por Fabio Araujo, que está na lista de votados. Os estudos e teste sobre blockchain do BC também envolvem a Federação dos Servidores do banco, a Fenasbac, que tem Rodrigoh Henriques como diretor de Inovação e que também aparece entre os votados.

Satoshi Nakamoto – Criador do bitcoin e da blockchain. Representa o divisor de águas entre as finanças tradicionais e as do futuro. Infelizmente, nunca apareceu para que o mundo pudesse saber mais sobre suas ideias, expectativas ao criar o bitcoin e como vê (ou viu) o desenvolvimento de sua criação.

Solange Gueiros – Também é considerada uma das maiores especialistas em Ethereum do país e por seu trabalho, se tornou palestrante aqui e no exterior. Em 2022, foi uma das organizadoras do encontro Ethereum Rio, em fevereiro. Em novembro de 2022, criou o ETHSamba, hub para a comunidade da tecnologia. Entre as empresas por onde já passou estão a OriginalMy, de Edilson Osório, e Transfero. Além de professora, e desenvolvedora, é investidora e coaching. E adora dançar.

Tatiana Revoredo – Advogada, foi uma das profissionais que desbravou o mundo de blockchain quando o assunto era pouco conhecido. Hoje, se dedica ao tema, a segurança cibernética e a Web3. Além de sua empresa, a The Global Strategy, seu caminho no ecossistema inclui o fato de ser membro fundadora da Oxford Blockchain Foundation. Atua em instituições internacionais como consultora, é palestrante e autora dos livros “Blockchain – Tudo o Que Você Precisa Saber” e “Cryptocurrencies in the International Scenario: What’s the position of Central Banks, Governments and authorities about cryptocurrencies?”.

Vitalik Buterin – Aos 19 anos, escreveu o whitepaper que apresentou a rede Ethereum, em 2014, com a proposta de ir além do que a rede bitcoin faz – mineração, transferência e guarda de criptomoeda. Registrou seu nome na história ao facilitar o caminho, nada simples, para que instituições financeiras, empresas e governos entrassem no mundo blockchain. Continua valendo o que ele mesmo disse no início: a rede tem utilidades que ainda não se consegue visualizar totalmente. Continua também dando os caminhos para melhorias na Ethereum.

Nosso objetivo com esta lista é deixar registrado, mais uma vez, alguns dos nomes que estão fazendo história no ecossistema blockchain. Por isso, é preciso sempre lembrar que todas as pessoas que trabalham para um mundo mais descentralizado, com menos intermediários, mais eficiente e inovador merecem reconhecimento, estando ou não em qualquer lista. De forma proposital ou não, o tempo apaga muitas memórias. Estamos tentando ajudar a evitar isso no ecossistema.

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