O uso de blockchain no setor energético brasileiro é pequeno, ainda mais se comparado ao que existe no exterior. Mas o país conta com fornecedores experientes nessa área, que têm desenvolvido vários desses projetos em outros países. Isso pode ajudar a desenvolver o segmento aqui.
A R3, que nasceu como um consórcio de instituições financeiras interessadas em discutir blockchain, hoje atua em setores como o de energia. Um dos casos de uso de sua plataforma Corda é o da GuildOne, que há dois anos criou o Royalty Ledger, um aplicativo para a liquidação de contratos de royalties em óleo e gás.
Esse processo é normalmente custoso e complexo”, disse Nayam Hanashiro, diretor de alianças estratégicas da empresa para América Latina, durante o painel “Soluções para o Mercado”, o segundo do 1º do Simpósio – O Potencial da Blockchain no Setor Energético, organizado pelo Blocknews e Mentors Energy e realizado na semana passada.
Com o aplicativo, é possível evitar disputas relacionadas a alocação de recursos, percentuais de produção, preços de commodities, por exemplo. A GuildOne também criou a EBX (Energy Block Exchange), uma rede completa , com interoperabilidade de todas as redes para atividades como transação de energia e mineração.
Facilitadora para modernização
“Muito no início, blockchain estava em aplicações para inclusão de layers de energia distribuída e comercialização de crédito de carbono. Mas a tecnologia vem se tornando um grande facilitador de transformação digital do setor de energia. O setor demanda muito essa transformação, principalmente na convergência de tecnologias emergentes como IoT e inteligência artificial”, disse Marcela Gonçalves, Chief Development Officer (CDO) da Multiledgers.
A empresa foi criada no Rio de Janeiro, mas já tem operações no exterior. Sua especialidade é a governança e gestão de infraestrutura de Blockchain as a Service (BaaS) e Infrastructure as a Service (IaaS), sendo um hub que usa as seis principais clouds do mundo e é multiprotocolo em relação a plataformas blockchain – uma das que usa é, por exemplo, a R3.
No ambiente energético, com diferentes tipos de players, novas possibilidades de entradas e consultas de dados, cria-se um ambiente propício para um ecossistema com compliance e segurança, completou.
Redução de custos
A possibilidade de uso de blockchain em energia, de fato, é capaz de reduzir milhões em custos. Bernardo Madeira, fundador da desenvolvedora de soluções Interchains. Ele exemplificou essa redução por meio do uso de blockchain para o controle de reparos de transformadores.
Com uma plataforma blockchain é possível rastrear todo o processo de reparo, desde o momento em que uma área de compras faz essa requisição. Com todos os envolvidos na rede, a reparadora, o centro de distribuição e a transportadora inserem dados de cada transformador na rede, como estado do equipamento, data de recebimento e entrega.
Tudo fica registrado em blockchain, com chaves únicas, certificados únicos. Isso dá garantia com o hash da transação de que foi gravada de maneira inalterável e segura, afirma Bernardo. Na plataforma é possível não só ver os dados, mas ter um visão mapa geral de como está o processo de reparto de um grupo, por exemplo, de 1000 peças.
Preocupação ambiental
Um outro exemplo, é no rastreamento de baterias de carros elétricos que levam cobalto. Paulo Simões, especialista em blockchain e cloud da Oracle, mostrou que há empresas que usam a tecnologia para rastrear essas baterias.
Na ponta da produção, há casos de trabalho escravo envolvendo o cobalto, e na ponta final, o produto é poluente se descartado de forma incorreta, contaminado solo e água.
A Oracle, segundo Simoes, trabalha com a Hyperledger Fabric, que ajuda a desenvolver. Simões é inclusive um dos coordenadores do Capítulo Hyperledger Brasil da Hyperledger Foundation, que ele pretende expandir no país.
“O Brasil ainda está a passos pequenos no uso de blockchain, IoT e IA em energia. Queremos provocar um ambiente de discussão e o 1º Fórum Brasileiro Blockchain em Energia, realizado em novembro passado pela Mentors Energy, foi um primeiro passo. O simpósio que estamos fazendo é uma maneira de continuarmos essa discussão”, disse João Carvalho, fundador e CEO da consultoria.
O próximo painel do simpósio será hoje (23), sobre “Cibersegurança, Smart Contracts e Questões Legais”. O painéis seguintes serão sobre Blockchain, IoT, IA e Smart Cities, no dia 30; Tokens e Cerfificações, no dia 7 de julho; e Modernização e Regulação do Mercado, no dia 14 de julho. As inscrições são feitas pela plataforma Sympla.
1 comentário em “Soluções blockchain para o setor energético têm terreno para crescerem no Brasil”
Olá,
Sou responsável na Canadian Solar Brasil pela estruturação de projetos de Usinas Solares Fotovoltaicas no formato Full EPC para Geração Distribuída. Tenho buscado muita informação sobre o blockchain para a energia.
Como posso buscar mais informações com vocês ?
Obrigado
Jean