A MSC vai usar blockchain no transporte marítimo de cargas. A segunda maior transportadora de contêineres do documento anunciou que passará a adotar o conhecimento eletrônico de embarque (bill of landing). Com isso, vai acelerar processos e reduzir custos.
Esse é um dos principais documentos de comércio exterior e o uso será global. A plataforma de registro distribuído é da Wave BL, uma das primeiras para empresas e especializada em logística e finanças.
A transportadora já vinha testando a solução de registro distribuído e com os resultados positivos do chamado eBL, adotou a tecnologia. O conhecimento de embarque é o contrato que garante que o armador ou agente vai transportar a carga.
O processo de emissão é ainda muito em papel. Tem até papel levado de avião por um portador para outro país, para acelerar a entrega. Por isso, há vários testes e iniciativas de grupos de transporte e de exportadores para digitalizar o processo de comércio exterior com blockchain, como o da Covantis, no Brasil.
Com a pandemia, a necessidade de digitalizar o processo ficou ainda maior, disse André Simha, responsável global por digital e TI da MSC. O comércio exterior parou e saber onde estavam as cargas e em que condições foi uma enorme dor de cabeça para a cadeia global de logística.
Com o eBL, todos os que participam da emissão e do uso do eBL recebem e transmitem o documento com rapidez, portanto, sem interrupção comercial. Muitas vezes, o atraso o pode deixar um navio parado no porto para embarque ou desembarque, o que custa muito dinheiro.
MSC vai usar blockchain para ter rapidez e reduzir custos
Há ainda a possibilidade de operar o eBL em home office, o que foi inviável com os escritórios fechados no lockdown. E se os correios pararem de funcionar, isso também deixa de ser um problema.
O conhecimento de embarque é também usado em financiamento do comércio exterior. Isso significa que se a MSC conectar agentes financeiros na rede, o crédito também pode sair mais rápido. E dada a redução de riscos da operação marítima, pode até haver redução de juros do financiamento.
A MSC é membro e fundadora do Digital Container Shipping Association (DCSA), que tem nove líderes do transporte marítimo. Dentre eles estão, por exemplo, a Maersk, a Evergreen Line e a Hapag-Lloyd.
De acordo com a MSC, uma pesquisa da DCSA mostrou que se 50% do setor adotasse o eBL até 2030, a economia seria de US$ 4 milhões (cerca de R$ 24 milhões) ao ano.
Wave BL passou processo do papel para digital
“A MSC escolheu a WAVE BL porque é a única solução que reflete o processo tradicional com documentos em papel. O setor de transporte marítimo de carga está acostumado a isso”, disse Simha.
A Wave BL fez a primeira transação de comércio em blockchain do mundo em 2016, com o Barclays. Depois disso, assinou contratos com mais cinco transportadoras marítimas que representam quase 50% do comércio global por contêineres, diz a empresa.
A empresa começou com as transportadoras, depois incluiu os agentes e agora está buscando incluir as instituições financeiras em sua rede. “Desde o início, o nosso objetivo é o de mudar a forma como o mundo opera”, afirma Gadi Rushin, CEO e co-fundador da Wave BL.
Ao longo deste ano, exportadores, importadores e traders pagarão pela emissão dos documentos originais na plataforma da WAVE BL. Portanto, não precisarão investir em infraestrutura de TI.
A MSC afirma que testa outras plataforma de eBL e estima que, no futuro, o documento eletrônico será a nova norma. A empresa também participa, por exemplo, da TradeLens, que inclui IBM e Maersk.