É na governança que está um dos maiores desafios de redes blockchain permissionadas (privadas, fechadas), mas isso ainda é uma parte na qual as empresas em projetos com essa tecnologia prestam pouca atenção, segundo Felipe Chobanian, co-fundador e CEO da empresa de soluções BBChain.
A governança da rede talvez seja o maior desafio do projeto de blockchain da Vale, disse Daniel Fisman, analista sênior da mineradora que usou a tecnologia para emissão de carta fiança numa exportação.
Chobanian e Fisman participaram, hoje (27), da sessão “Challenges to implement blockchain in Brazil”, do Blockchain Revolution Global (BRG) 2020, que acontece nesta semana afirmou. O evento é realizado pelo Blockchain Research Institute (BRI) e a sessão foi organizada pelo BRI Brasil.
Segundo Fisman, a empresa está usando a metodologia ágil para o desenvolvimento do projeto e é preciso que haja assessorias, no país, que possam dar suporte às empresas para a questão da governança.
Para Chobanian, apesar de o mercado brasileiro estar em processo de amadurecimento para blockchain, mas a elaboração de um proposito único entre os diversos atores da rede precisa de mais cuidado.
Abordagem pelas associações
Isso fez a empresa mudar sua aproximação com o mercado. Agora, a abordagem é com associações, com uma mobilização comum. ” Muito se falava do ganho do pioneiro, mas isso não se demonstrou, de fato, com valor. Há valor quando se começa debaixo do grande guarda-chuva da associação, com padronização, definição de propósito comum, a partir uma governança consensual”, completou.
A questão, afirmou ele, não é mais a solução, mas como o mercado se mobiliza. A empresa participa de dois projetos que serão anunciados no segundo semestre de 2021. Será um no setor financeiro e outro na indústria, “com todos os participando desde o início e não um pioneiro tentando atrair os outros para entrar numa rede com governança escrita pela concorrência direta”.
“Em blockchain, você deixa de precisar de um maestro e passa a ter um coreógrafo. A governança é o que ganha e conquista consenso de uma coreografia única. Esse é o grande desafio. Muitos me perguntam porque ainda não temos redes de padrão de mercado. É porque não tem investimento correto em propósito e governança, para depois se aplicar em tecnologia.”