A Eneva e a Fohat vão testar, em fevereiro e março, a versão alfa de um plataforma para comercialização de energia e automatização de backoffice. De acordo com a Fohat, essa é a primeira plataforma do tipo em energia, porque usa blockchain.
“O que estamos resolvendo é a questão de segurança de mercado”, disse ao Blocknews Igor Ferreira, CEO da Fohat. Isso porque em 2019, houve defaults milionários de contratos bilaterais de energia livre por alguns comercializadores.
O “Projeto Energy Intelligence aplicado a Backoffice” da Enevar começou em junho de 2020. O objetivo é aumentar a integração do backoffice com a área de comercialização.
Assim, espera-se uma melhora do fluxo das operações e dando mais segurança aos contratos. Neste caso, blockchain dá segurança aos contratos porque o projeto usa smart contracts, ou seja, soluções que executam as regras contratuais.*
A plataforma foca em comercializadores e nos chamados “gentailers”, os geradores que distribuem energia. O investimento no projeto é de R$ 3,4 milhões. Os recursos estão dentro do programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Economia na venda de energia
O projeto garante o rastreamento e a automação das operações. Portanto, deve reduzir custos de operação da Eneva, afirmou Ferreira. “A expectativa é de que a plataforma aumente a eficiência da mesa na operação.”
Mas, esse custo ficará claro quando a empresa rodar os testes. O CEO da Fohat disse que não pode revelar as estimativas já feitas.
Foco de atuação
Depois do calote no setor, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apresentou uma recomendação de liquidação semanal de contrato, ao invés de mensal. Mas isso aumentaria os custos no backoffice com pessoal, por exemplo. O setor não aplicou o modelo.
Foi, então, a partir do calote e desse processo de liquidação que a Fohat buscou soluções de segurança para o mercado e de automação do backoffice na integração com as mesas de negociação. Como uma das prioridades do mercado é segurança, essa também é uma das principais áreas da empresa.
“O mercado está trabalhando forte nisso”, completa Ferreira. E para esses casos, blockchain contribui com criptografia e descentralização, por exemplo. A plataforma da Eneva usa a Energy Web Chain, blockchain desenvolvida em 2019 pela Energy Web Foundation (EWF).
Segundo a Fohat, o uso é na validação e conexão. As operações aprovadas serão, portanto, criptografadas pela mesa na saída e visualizadas no ambiente de balcão em blockchain, diz Ferreira.
A Eneva tem operações no Norte e Nordeste do país. A empresa tem, ainda, um parque de geração térmica de 2,2 GW, ou 9% da capacidade do país. Até 2024, deverá atingir 2,8 GW com mais três usinas.
Além disso, em 2019, foi a segunda maior operadora de gás natural do Brasil, com capacidade de produção de 8,4 milhões de m³ ao dia. A empresa tem, ainda, uma comercializadora de energia e gás no mercado livre.
A Fohat também está desenvolvendo um balcão descentralizado de comercialização de contratos com a AES Brasil. Assim como no caso da Eneva, a plataforma está no programa de P&D da Aneel.
*Reportagem atualizada em 27 de janeiro às 14h15 A Fohat corrigiu a informação dada ao Blocknews de que haveria uma contraparte central nesse projeto, A contraparte não se aplica neste caso.