Reportagem atualizada às 16h48 de 4/12/20*
A Fohat, que desenvolve soluções em energia que incluem tecnologias como blockchain, fechou acordo com a R3 para o desenvolvimento de uma plataforma, baseada em Corda Enterprise (produto da R3), que conectará o setor de energia e o financeiro.
Com isso, a eFinchain, nome da plataforma, já tem como certo seu uso no balcão organizado de comercialização de energia livre. O balcão está previsto para entrar em produção no primeiro trimestre de 2021. A eFinchain ao longo do próximo ano.
Esse projeto é desenvolvido em conjunto pela Fohat e a AES Brasil, dentro do programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), como já noticiou o Blocknews.
O licenciamento do software para a Fohat é o primeiro de Corda Enterprise no Brasil para uso fora do setor financeiro e deve ser o primeiro do mundo conectando o setor de energia e o financeiro segundo Jeff Bergamo, executivo de vendas da R3 (ver matéria sobre o assunto).
A R3 ficou conhecida por ser fundada e hoje atender muitas empresas do setor financeiro. A Fohat tem diversos projetos que usam blockhain, inclusive no exterior. A Fohat é da Energy Web Foundation (EWF), com quem a R3 acaba de fazer parceria para conectar os setores de energia e o financeiro.
Liquidação e Custódia
Serão desenvolvidas as aplicações Corda, que vão rodar sobre a infraestrutura blockchain da EWF, que é pública. A Corda Enterprise é privada. O desenvolvimento será feito pela Fohat.
A solução da Corda, segundo as empresas, fará a liquidação e custódia de contratos derivativos de energia, os Non Deliverable Forward (NDF). Com isso, a plataforma será a contraparte central da plataforma.
Ao explicar como funcionará o balcão de energia livre que desenvolve com a AES Brasil, Igor Ferreira, CEO da Fohat, disse, com exclusividade ao Blocknews que os registros dos smart contracts das negociações, que são bilaterais, ficam na rede EWF.
Porém, os detalhes das negociações ficam na Corda Entreprise. Dessa forma, atende-se à demanda de privacidade exigida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A comissão regula balcões organizados e é preciso garantir que a Fohat, por exemplo, não tenha acesso a dados privilegiados dos contratos.
Balcão organizado de energia
O projeto do balcão tem quatro módulos. Um deles, já contratado, é o de gestão de back office da comercializadora. O segundo é o módulo da AES que é o de balcão. O terceiro é o da contraparte central, que é esse acordo de licenciamento fechado com a R3. Tudo isso vai ser feito com blockchain. sendo que 3 estão contratos.
“O quarto é o da contraparte financeira, com os bancos. Já temos negociação com um deles”, disse Ferreira. Tudo os quatro serão feito usando blockchain.
O projeto do balcão, diz Ferreira, é global. Envolve um consórcio de geradoras hidrelétricas e térmicas, que pelo peso que têm na matriz de eletricidade, de 82%, podem dar liquidez às negociações.
Produção em 2021
O balcão já opera em alfa teste e deverá entrar em produção no primeiro trimestre de 2021 a pedido de um dos operadores, disse o CEO da Fohat, que não revela o nome. “Para entregarmos a primeira versão, estamos acelerando uma série de desenvolvimentos.”
A infraestrutura do balcão foi feita na blockchain da EWF, mas agora está sendo migrada. “Os bancos não usam EWF e seriam necessários vários mecanismos para rodar nela. Esperamos uma melhora (de processamento) significativa com a mudança”, disse Ferreira, que não revelou dados como transações por segundo (tps). “Estamos entendendo o potencial das duas plataformas”, afirmou.
*A Fohat informou que o balcão de comercialização de energia começará a funcionar no primeiro trimestre, mas a eFinchain, ao longo do próximo ano. E a então AES Tietê se chama, desde novembro passado, AES Brasil.
Mais sobre o balcão, a R3 e a Fohat em:
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