Capitalização de empresas de tecnologia e stock options são tendências na América Latina

Crescimento da capitalização em relação a PIB é de 65% ao ano. Foto Mohamed Hassan, Pixabay.

A capitalização das empresas de tecnologia no Brasil atingiu 2,5% do PIB no terceiro trimestre de 2020, o que mostra uma distância enorme do país na comparação com outras das maiores – e em desenvolvimento – economias do mundo, como Índia (13%) e China (27%). Nos Estados Unidos o percentual é de 39%.

O Brasil está pouca coisa melhor que a América Latina, onde o percentual estimado é de 2,2%. Porém, essa capitalização na região cresce em média 65% ano desde 2003. Na China, onde a tecnologia já é mais valorizada, o percentual é de 40%, e nos Estados Unidos, de 11%.

É esse movimento que tem feito as empresas de tecnologia da América Latina ultrapassarem negócios da economia não digital e se tornarem as mais valiosas da região.

Recentemente, o Mercado Livre ultrapassou a Vale como a mais valiosa da região. É ainda a única do ranking das 10 empresas mais valiosas em 2020 – a telecom América Móvil está na lista também. Em 2010, não havia nenhuma empresa de tecnologia no ranking latino-americano, ao contrário do norte-americano, por exemplo.

Os dados são do estudo “Transformação Digital na América Latina 2020”, do fundo de investimentos Atlântico e foram apresentados na abertura do Sillicon Valley Web Conference, ontem (1).

Funcionários de startups têm, cada vez mais, acesso a stock-option.

Com os altos índices de uso de internet no Brasil e na América Latina e as mudanças de hábitos causadas pelo distanciamento social com a pandemia do Covid-19, uma tendência prevista na região é o crescimento do marketing digital.

Apesar de as pessoas gastarem 69% do tempo em mídias digitais no Brasil, esses canais respondem por apenas 37% dos gastos de marketing. A TV tem 19% da atenção e 45% das verbas, o que se explica em boa parte pelo alto preço dessa mídia. Nos EUA, o digital 58% da atenção e 57% do orçamento de marketing.

Horizontalização e stock option

O estudo mostra ainda a tendência de horizontalização de muitas startups. Quando o ecossistema não oferece o que elas precisam, essas empresas montam um novo serviço ou negócio e se tornam fornecedoras de si mesmas e até do mercado. Ou compram empresas para preencher lacunas.

Uma dessas lacunas é a falta de mão de obra, caso da iFood e Gympass, que compraram empresas de inteligência artificial, e do Nubank, que adquiriu uma empresa de engenharia de software.

Essa horizontalização é algo típico de mercados em desenvolvimento. No Vale do Silício, essa necessidade não é grande, visto que mão de obra muito qualificada e diversidade de startups oferecendo todo tipo de produto e serviços é abundante.

Uma das tendências apontadas pelo estudo é que quem consegue emprego nas startups da América Latina, cada vez mais tem a opção de entrar em programa de stock options, em que os funcionários ganham remunerações por opções de ações.

Esse também é um processo mais comum no Vale do Silício, mas que começa a chegar aqui e é usado muito para manter mão de obra qualificada numa startup e engajar os funcionários.

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