Controle em tempo real de milhões de dados de distribuição, emissão de certificados confiáveis de energia renovável e venda direta entre pessoas (P2P) são algumas das soluções inovadoras que blockchain está permitindo no setor de energia no mundo, em especial na Europa e Ásia. E é nítido o ganho de eficiência que esses movimentos geram nos sistemas e nas empresas.
No Brasil, geradoras e distribuidoras começam a testar e usar blockchain. As oportunidades de avanço aqui são enormes pelo tamanho do mercado, pela necessidade real de modernização do setor e porque está em curso a aprovação do novo marco regulatório que vai mudar a forma como as empresas vão operar.
“Percebemos a necessidade imediata no desenvolvimento de soluções blockchain para acelerar os processos internos e externos junto a clientes, parceiros e fornecedores, propondo aumento da qualidade das informações e redução de custos”, diz João Carvalho, fundador da consultoria Mentors Energy.
Para discutir sobre os casos de uso e as possibilidades para o Brasil, o Blocknews e a consultoria Mentors Energy vão realizar o “1º Simpósio sobre o Potencial da Blockchain no Setor de Energia”, no próximo dia 9 de junho (terça-feira), às 14h00. O evento terá a participação de Carlos Rischioto, líder técnico de blockchain da IBM, Luiz Rolim, especialista de sistemas de energia do CPqD, Igor Ferreira, CEO da Fohat, e Alexandre Boschi, gerente sênior de supply chain, logística e manufatura da EY. O evento será online e gratuito. As inscrições podem ser feitas pelo link https://bit.ly/2ABow6M .
As próximas edições do simpósio serão nos dias 16, 23 e 30 de junho, sempre às terça-feiras, das 14h às 15h.
Mercado em transformação
“O mercado de energia está passando por uma transformação, com a expansão das fontes de energias limpas e renováveis, além do crescimento da micro-geração e dos prosumers,, que são os consumidores que também geram energia. A complexidade nos controles e registros das transações é cada vez maior e blockchain surge para aumentar a confiabilidade e segurança nas transações”, diz Rischiotto.
Além do movimento global de descarbonização, o novo marco regulatório, proposto no PLS 232/2016 que está no Senado Federal, vai fazer “o Brasil abrir seu mercado de energia e novas oportunidades surgirão”, afirma Ferreira. Até a pandemia do Covid-19 está influenciando as empresas do setor, que estão repensando suas operações, completa o CEO da Fohat.
A perspectiva de aumento dos investimentos em blockchain no setor preevem crescimento de dois dígitos nos próximos anos. Há estudos que estimam que os investimentos globais vão saltar de US$ 156 milhões em 2016, para US$ 34,7 bilhões em 2025.
“A aplicação de blockchain no setor pode ser um catalisador para o modelo de negócio e a mudança de processos em toda a empresa. No Brasil, os líderes empresariais e o poder público já vêm acompanhando a discussão e entendem todo potencial do blockchain e os seus benefícios para o desenvolvimento da energia no país”, afirma Boschi.
Por isso, é preciso entender que não se trata apenas de uma tecnologia ou de um processo de transformação digital. Se trata também da introdução de novos modelos de operação e de arranjos regulatórios comerciais, que deverão fomentar o desenvolvimento do mercado de energias renováveis, em sintonia, por exemplo, com a geração distribuída, o armazenamento de energia e iniciativas em mobilidade elétrica”, completa Rolim, do CPQD.
Na vizinhança, o Chile escolheu o setor de energia para começar a usar blockchain e nesse sentido está mais adiantado do que o Brasil. Há dois anos, a Comissão Nacional de Energia (CNE) anunciou um projeto em que, na primeira etapa, foram incluídas na rede informações de dados como capacidade elétrica instalada, geração em usinas e residências, preços médios do mercado, custos marginais o cumprimento de regras do setor.