AES Tietê, geradora que atua no estado de São Paulo, tem passado por uma mudança drástica nos últimos anos para sair da commodity e se transformar numa plataforma de produtos e serviços para seus clientes. A afirmação é da chefe de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da AES Tietê, Julia da Rosa Rodrigues.
“A gestão das empresas era muito baseada nos grandes ativos. O produto era a energia e era transmitido dessa forma. A gente acredita que essa forma de negócio não vai mais ser tão rentável. Se nos basearmos apenas em energia, é real a possibilidade de nossa empresa sumir.”
A tendência de descentralização de venda de energia, com consumidores escolhendo de quem vão comprar e eles mesmos gerando e vendendo energia, colocou um alerta para empresas acostumadas a trabalhar com mercado cativo. No exterior o processo está mais acelerado, mas está chegando até aqui.
Balcão transformador
Vem desse movimento de transformação o desenvolvimento de um balcão de comercialização de energia livre e certificados de energia renovável (IREC). É o único da AES Tietê em blockchain e começou a partir um provocação da sede, a AES Corporation, dos Estados Unidos (EUA), para avaliar a tecnologia. A sede é membro da Energy Web Foundation (EWF), uma rede blockchain focado no setor.
“Eu mesma fui fazer um curso sobre blockchain para entender as aplicações da tecnologia”, disse Julia .
Nesse processo, tem sido um desafio explorar blockchain e outras tecnologias como inteligência artificial (AI), internet das coisas (IoT) e machine learning, completou.
O investimento no balcão é parte do que há na carteira de investimentos da AES Tietê no programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A regra do setor é de que as concessionárias devem investir 1% de suas receitas operacionais líquidas em pesquisas que ajudem a desenvolver o setor.
O objetivo é testar e que o conhecimento seja compartilhado com as outras empresas. Por isso, o que é muito estratégico, as empresas não fazem no programa.
Programa Aneel
Ocorre que o balcão, se implantado, poderá transformar a maneira como se negocia energia livre e IRECs no Brasil. O balcão seria uma empresa autônoma. Detalhes técnicos estão sendo trabalhados pela startup Fohat, do Paraná, especializada em soluções para o setor energético e que está desenvolvendo a plataforma.
A carteira de P&D da AES na Aneel tem cerca de 10 projetos todo ano. A obrigação de investimentos é de cerca de R$ 7,5 milhões ao ano. Em 2020, tem R$ 14 milhões aprovados.
Excluindo o programa de aceleração da AES lançado em 2016, mais da metade da carteira de P&D da empresa envolve o trabalho com startups. “Essas empresas têm o produto como foco principal, com testes de mercado muito rápidos. A gente passou da fase de pesquisa e precisa trazer produtos e serviços”, completou Julia.