A Embrapa Informática Agropecuária começou a implantar no campo, neste ano, um projeto de rastreamento da cadeia produtiva de cana-de-açúcar com blockchain. O empresa está conduzindo o projeto com a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), a Safe Trace e usinas do interior do estado de São Paulo. O objetivo é ter maior confiança nos dados da cadeia.
Além da cadeia da cana, empresas de outros segmentos, como do etanol de milho e biodiesel de soja, formalizaram interesse em ir pelo mesmo caminho.
A iniciativa faz parte de pesquisas tecnologias baseadas em inteligência artificial, rastreabilidade e sensoriamento remoto. E para isso, envolveu também a Usina Granelli, em Charqueada, e outros dois produtores em Piracicaba e Tambaú. O projeto será executado por dois anos e o investimento é de R$ 466 mil.
Com o uso de blockchain, as embalagens dos produtos da usina vão receber o selo “Tecnologia Embrapa” e um código QR. O código contém informação da produção no campo, moagem, extração na usina, distribuição e venda ao consumidor.
Primeira pesquisa da Coplacana
“É um novo modelo de trabalho com esses cooperados, que traz segurança e promove maior integração, já que estão participando das pesquisas”, afirma Francisco Severino, gerente técnico da Coplacana. “É o primeiro investimento da história da cooperativa em pesquisa.”.
“Há uma demanda recorrente na agricultura pela rastreabilidade dos produtos e processos”, diz Stanley Oliveira, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Informática Agropecuária em comunicado da Embrapa. “Entre as principais vantagens está a invariabilidade das informações, criandoum caminho confiável de procedência ”, completa Alexandre de Castro, também pesquisador da Embrapa.
De fato, os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação ao local onde está a produção, ou seja, se está área ambiental preservada. Além disso, querem saber o que é usado na produção e se há trabalho escravo ou subempregos envolvidos no processo.
Por isso, as empresas que adotam blockchain esperam também se diferenciar no mercado e até mesmo poder cobrar mais por seus produtos. A Usina Granelli, por exemplo, espera vender seu açúcar mascavo a um preço melhor, diz Mariana Abdalla Granelli, sua diretora jurídica.
Imagens para análises
De acordo com o comunicado da Embrapa, a parceria com a Coplacana inclui a geração de processos agropecuários, softwares, modelos, banco de dados e metodologia técnico-científica. A empresa também vai criar uma tecnologia baseada em sensoriamento remoto para organizar, processar e disponibilizar em nuvem imagens de satélite.
Portanto, com as imagem haverá análises das lavouras da cana-de-açúcar, o que permite um planejamento melhor da produção. E será possível também detectar doenças, deficiências nutricionais, estresse hídrico e estimativas de produção de biomassa.
Embrapa e RenovaBio
O sistema na Usina Granelli vai armazenar, ainda, dados primários de custódia da Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio. Isso porque, a partir deste ano, começa a compensação de emissão de CO2 na venda de combustíveis. Assim, quem produz biocombustível pode se qualificar para emitir os Créditos de Descarbonização (Cbios). Quem precisa fazer compensação pode comprar os créditos.
Um dos objetivos do projeto da Embrapa é criar um mecanismo para rastrear também os Cbios, o que pode evitar fraudes.
A Embrapa Informática Agropecuária e a Embrapa Meio Ambiente também estão desenvolvendo também outras soluções tecnológicas digitais para aprimorar o processo de certificação do RenovaBio.
2 comentários em “Embrapa implanta rastreamento de cana-de-açúcar em SP; milho e soja também têm interesse”
Selo ProAr2030?
Boa pergunta, Bruno. Não foi informado se vão usar o selo.